Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, descobriram que regiões específicas do DNA neandertal ajudam a explicar como nossa mandíbula e estrutura facial se formam. O estudo, publicado na revista Development, mostra que mesmo pequenas variações herdadas de ancestrais extintos podem ter moldado as feições que distinguem os humanos modernos.
A pesquisa representa um avanço importante na genética do desenvolvimento facial, revelando como pequenas diferenças no genoma podem alterar traços físicos de maneira significativa. Entre os principais achados, estão:
- O genoma neandertal é 99,7% idêntico ao humano moderno;
- Pequenas alterações genéticas afetam o gene SOX9, essencial para a formação da mandíbula;
- A versão neandertal ativa esse gene com maior intensidade que a humana;
- Essa ativação mais forte pode explicar as mandíbulas robustas dos neandertais;
- O estudo utilizou modelos embrionários de peixe-zebra para observar o efeito das sequências de DNA.
Como um DNA antigo ainda atua no presente
Os cientistas analisaram uma região do genoma associada à síndrome de Pierre Robin, uma condição em que a mandíbula é menor do que o normal. Nessa área, eles encontraram três pequenas diferenças entre humanos e neandertais, variações mínimas, mas capazes de mudar a intensidade com que o gene SOX9 é ativado.

Essa região do DNA não contém genes, mas funciona como um interruptor genético, controlando quando e onde os genes são ligados durante o desenvolvimento. Quando testada em embriões de peixe-zebra, a sequência neandertal mostrou atividade mais intensa nas células responsáveis pela formação da mandíbula.
O resultado reforça a ideia de que o DNA regulador, e não apenas os genes codificadores, exerce papel essencial na morfologia facial.
Evolução, identidade e medicina genética
Além de iluminar aspectos da evolução humana, a descoberta pode contribuir para o estudo de condições craniofaciais em humanos modernos. Entender como pequenas mudanças na sequência de DNA influenciam o formato do rosto pode ajudar no diagnóstico genético e no tratamento de deformidades.
O trabalho também reforça o poder da genética comparativa, ao estudar espécies extintas, é possível compreender melhor quem somos e como nos formamos. A herança neandertal, longe de ser apenas uma curiosidade evolutiva, continua a desempenhar um papel silencioso na diversidade facial humana.

