Uma escavação recente nos arredores de Roma trouxe à luz evidências impressionantes sobre o comportamento dos humanos pré-históricos, ancestrais dos neandertais.
O sítio de Casal Lumbroso, datado de cerca de 400 mil anos, revelou ossos e presas de elefantes com sinais de corte e fraturas intencionais, indicando que essas populações utilizavam carcaças como fonte de alimento e material para ferramentas.
Estratégias de sobrevivência sofisticadas
Os vestígios encontrados mostram que esses grupos, provavelmente pertencentes a uma fase intermediária entre Homo heidelbergensis e os neandertais, eram capazes de adaptar suas técnicas de sobrevivência de forma notável.
Diante da escassez de sílex, eles passaram a usar ossos de grandes animais como alternativa para fabricar instrumentos cortantes, evidenciando uma flexibilidade cognitiva avançada para o período.
Além disso, a análise dos ossos sugere que o elefante provavelmente morreu em consequência de uma erupção vulcânica, cuja camada de cinzas foi datada em aproximadamente 404 mil anos. Pouco tempo depois, os humanos pré-históricos teriam aproveitado a carcaça, produzindo marcas de impacto e fraturas controladas para extrair medula e criar ferramentas especializadas.
Ferramentas e técnicas avançadas

Entre os achados, foram identificadas ferramentas de pedra com bordas afiadas, utilizadas para cortes de carne e manipulação de ossos. Esse uso combinado de pedra e osso demonstra que os neandertais antigos tinham consciência da eficiência de diferentes materiais e sabiam como aplicá-los para aumentar a produtividade na obtenção de alimento e produção de instrumentos.
- Ossos e presas utilizados como ferramentas e fonte de alimento
- Fragmentos de elefante marcados por cortes preciso
- Ferramentas de pedra com evidências de uso em carne e ossos
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Flexibilidade e adaptação ao ambiente
O sítio de Casal Lumbroso reforça a ideia de que esses grupos não dependiam apenas da caça ativa, mas exploravam recursos do ambiente, incluindo cadáveres de animais mortos por causas naturais. Essa capacidade de adaptação indica inteligência prática e inovação, características que seriam fundamentais na evolução rumo aos neandertais.
Além disso, os vestígios ajudam a reconstruir o modo de vida semi-nômade desses grupos, oferecendo insights sobre suas estratégias de alimentação, organização social e interação com o ambiente. A descoberta é uma das evidências mais antigas do uso sistemático de ossos como ferramentas na Europa, ampliando nosso entendimento sobre a complexidade técnica e social de nossos ancestrais.
A pesquisa publicada na revista PLOS One por equipes italianas e francesas lança nova luz sobre a evolução dos primeiros humanos europeus. O esqueleto pré-histórico e os ossos de elefante de Casal Lumbroso mostram que os ancestrais dos neandertais eram inteligentes, adaptáveis e capazes de criar soluções inovadoras para sobreviver em um ambiente desafiador.
Esses achados reforçam a ideia de que a evolução humana envolveu não apenas mudanças biológicas, mas também desenvolvimento cognitivo e cultural avançado.