Ciência explica por que o coração das mulheres é mais resistente

Mulheres têm maior ganho cardíaco com menos treino semanal. (Foto: Getty Images via Canva)
Mulheres têm maior ganho cardíaco com menos treino semanal. (Foto: Getty Images via Canva)

Um dos maiores estudos já realizados sobre saúde cardiovascular acaba de revelar uma diferença marcante entre os sexos: homens precisam fazer o dobro de exercícios físicos que as mulheres para alcançar o mesmo nível de proteção do coração

A pesquisa, conduzida pela Universidade de Xiamen (China) e publicada na revista científica Nature Cardiovascular Research, acompanhou mais de 80 mil pessoas ao longo de quase oito anos.

Diferença de esforço entre homens e mulheres

Os cientistas observaram que os efeitos do exercício sobre o risco de doenças cardíacas não são iguais para todos. Enquanto mulheres que praticavam 150 minutos semanais de atividade física moderada a intensa reduziam em 22% o risco de desenvolver doença coronariana, os homens precisavam fazer mais que o dobro, cerca de 530 minutos semanais, para atingir uma proteção semelhante.

Além disso, entre aqueles que já tinham diagnóstico de doença cardíaca, as mulheres que mantiveram a rotina mínima de exercícios tiveram uma redução de até 70% na mortalidade, contra apenas 20% entre os homens.

Por que isso acontece?

Treinar mais tarde na vida ainda traz benefícios ao coração. (Foto: Getty Images via Canva)
Treinar mais tarde na vida ainda traz benefícios ao coração. (Foto: Getty Images via Canva)

Os pesquisadores acreditam que as diferenças hormonais e musculares explicam parte dessa disparidade. O estrogênio, hormônio feminino, tem efeito protetor sobre o coração e favorece o uso de gordura como fonte de energia durante os exercícios. 

Já o corpo masculino tende a ter mais fibras musculares de contração rápida, o que aumenta o gasto energético, mas pode limitar o ganho cardiovascular de longo prazo.

Exercício ainda é o melhor remédio

Apesar da desigualdade biológica, o estudo reforça que o exercício regular continua sendo uma das formas mais eficazes de prevenir doenças cardiovasculares. Mesmo quem começa a se movimentar mais tarde na vida ainda pode colher benefícios significativos.

Segundo as evidências, a atividade física deve ser personalizada, levando em conta idade, condicionamento e histórico de saúde.

Entre as práticas mais indicadas para fortalecer o coração estão:

  • Caminhadas e corridas leves;
  • Ciclismo;
  • Natação;
  • Exercícios de resistência, como musculação;
  • Dança ou esportes recreativos.

O recado da ciência

A conclusão é clara: mexer o corpo é vital, especialmente para os homens. Embora precisem de mais tempo de treino, os ganhos em longevidade e qualidade de vida compensam cada minuto investido. 

Já para as mulheres, o estudo destaca uma vantagem fisiológica, mas reforça que o sedentarismo anula qualquer benefício natural.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.