O Alzheimer em seus estágios iniciais no Brasil passa a contar com uma nova abordagem terapêutica. O Kisunla (donanemabe), anticorpo monoclonal desenvolvido pela Eli Lilly, chega ao país visando retardar o avanço da doença em pacientes com comprometimento cognitivo leve.
Embora não trate diretamente sintomas como perda de memória ou desorientação, sua ação voltada para a redução de placas beta-amiloide representa uma mudança importante no manejo clínico da doença.
Como Kisunla atua no cérebro
O Kisunla pertence à classe dos medicamentos anti-amiloides, conhecidos por atuar na deposição de proteínas associadas à degeneração neuronal. Entre os efeitos observados em estudos clínicos estão:
- Redução das placas beta-amiloide, proteína envolvida na deterioração cognitiva;
- Retardo do declínio cognitivo, com diminuição de até 35% na progressão clínica;
- Redução do risco de avanço da doença, registrando diminuição de até 39% na probabilidade de deterioração em pacientes iniciais.
O medicamento é administrado via injeção mensal, com acompanhamento médico detalhado, incluindo exames de imagem para monitoramento de efeitos adversos e possíveis alterações no tecido cerebral.
Segurança e monitoramento

Apesar dos efeitos positivos, o Kisunla exige atenção aos efeitos que podem surgir durante o tratamento. Entre os mais frequentes estão sintomas leves e temporários, como mal-estar, tremores e calafrios. Alterações detectáveis em exames de imagem, conhecidas como ARIA (Amyloid Related Imaging Abnormalities), podem incluir edema cerebral e micro-hemorragias.
Pacientes portadores do gene ApoE ε4 apresentam maior necessidade de monitoramento constante, reforçando a importância do acompanhamento médico regular.
Disponibilidade e custos
Atualmente, o Kisunla está disponível apenas em clínicas e hospitais privados, principalmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. O tratamento inclui:
- Aplicação do medicamento;
- Acompanhamento médico especializado;
- Exames e materiais de suporte.
O custo por dose completa ultrapassa R$ 8.000, considerando todos os serviços necessários. Não há previsão de oferta pelo SUS até o momento.
Perspectivas futuras
A chegada do Kisunla ao Brasil marca um passo importante na terapia de Alzheimer, trazendo novas possibilidades de manejo da doença em estágios iniciais.
Com monitoramento adequado, o tratamento oferece mais autonomia para pacientes, além de fornecer dados relevantes para pesquisas futuras sobre prevenção e modificação do curso clínico do Alzheimer.