A relação entre seres humanos e ambientes naturais sempre foi vista como benéfica, promovendo bem-estar e equilíbrio emocional. No entanto, estudos recentes indicam uma tendência preocupante: uma parcela significativa da população tem desenvolvido rejeição ou medo da natureza, fenômeno conhecido como biofobia.
Uma revisão sistemática publicada na revista Frontiers in Ecology and the Environment analisou quase 200 pesquisas realizadas em países como Suécia, Japão e Estados Unidos. O objetivo foi mapear a origem, os impactos e as possíveis soluções para essa aversão crescente. Os resultados revelam que o afastamento da natureza é influenciado por múltiplos fatores, tanto externos quanto internos.
- Fatores externos: urbanização intensa, contato limitado com áreas verdes, exposição a narrativas midiáticas negativas sobre animais e plantas;
- Fatores internos: condições de saúde, traços emocionais individuais e experiências negativas prévias com o ambiente natural.
Além disso, sinais de deterioração da conexão humana com animais, plantas e ecossistemas indicam que a biofobia não é um fenômeno isolado, mas uma tendência global que pode afetar a conservação ambiental e a sustentabilidade.
Como reverter a aversão à natureza

Recuperar o vínculo humano com a natureza exige estratégias práticas e contínuas. Pesquisas indicam que a exposição regular e positiva ao ambiente natural é essencial, sobretudo em áreas urbanas densas. Para isso, é importante criar espaços verdes urbanos acessíveis e diversificados, promover atividades ao ar livre desde a infância, incentivar a observação de animais e plantas em ambientes seguros, integrar a educação ambiental nos currículos escolares e valorizar a biodiversidade local, tornando a natureza mais próxima do cotidiano das pessoas.
Compreender os mecanismos psicológicos e sociais por trás da biofobia também é essencial para a formulação de políticas públicas que incentivem interações positivas com a natureza, evitando consequências negativas para a saúde mental e a conservação ambiental.
A biofobia é um fenômeno crescente que ameaça o bem-estar humano e o equilíbrio ecológico. Para enfrentá-la, é necessário fortalecer a relação com o meio ambiente, desde experiências cotidianas em cidades até políticas públicas de preservação. A ciência deixa claro: reconectar-se à natureza não é apenas um bem-estar individual, mas uma estratégia crucial para a sustentabilidade global.

