ANS libera medicamento inovador para câncer de pulmão em planos de saúde

Alectinibe agora tem cobertura obrigatória em planos de saúde. (Foto: Getty Images via Canva)
Alectinibe agora tem cobertura obrigatória em planos de saúde. (Foto: Getty Images via Canva)

O cenário do tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) apresenta um marco importante. A partir de 1º de dezembro de 2025, o cloridrato de alectinibe, medicamento direcionado a pacientes com mutação genética ALK positiva, passa a ter cobertura obrigatória na saúde suplementar

Essa atualização garante que beneficiários de planos de saúde tenham acesso a um tratamento de precisão após a cirurgia de remoção do tumor.

O que muda para pacientes e médicos

Com a inclusão no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, os planos de saúde devem oferecer o medicamento conforme diretrizes de utilização, especialmente para pacientes nos estágios IB a IIIA da doença. Este passo representa um avanço na medicina personalizada, pois permite que o tratamento seja ajustado de acordo com características genéticas específicas do tumor.

Entre os pontos mais relevantes estão:

  • Indicação específica: pacientes com CPNPC e mutação ALK positiva;
  • Uso pós-cirúrgico: indicado após a remoção completa do tumor;
  • Estágios contemplados: IB, II e IIIA;
  • Acesso ampliado: cobertura obrigatória nos planos de saúde a partir de dezembro;

Evidência científica do alectinibe

Medicamento atua contra células ALK positivas em CPNPC. (Foto: Getty Images via Canva)
Medicamento atua contra células ALK positivas em CPNPC. (Foto: Getty Images via Canva)

O uso do alectinibe como tratamento adjuvante foi estudado no ensaio clínico “Alectinib in Resected ALK‑Positive Non–Small‑Cell Lung Cancer”, publicado no The New England Journal of Medicine (NEJM, 2025). Neste estudo, pacientes que receberam alectinibe após cirurgia apresentaram sobrevida livre de doença significativamente maior em comparação à quimioterapia convencional.

O medicamento atua como um inibidor de tirosina quinase, bloqueando a sinalização que permite a proliferação de células cancerígenas. Esse mecanismo contribui para reduzir o risco de recidiva, aumentando as chances de sobrevida em pacientes ressecados.

O processo de incorporação à saúde suplementar

A inclusão da tecnologia no rol passou por diversas etapas de avaliação:

  • Reuniões técnicas da Comissão de Atualização do Rol de Procedimentos;
  • Consulta Pública 161, permitindo participação de especialistas e sociedade civil;
  • Audiência Pública 59, garantindo transparência no processo;

Essas etapas asseguram que apenas tratamentos eficazes, seguros e cientificamente comprovados sejam incorporados à cobertura obrigatória.

Por que a atualização é importante

A decisão da ANS reflete o avanço da oncologia de precisão, que considera características genéticas do paciente para indicar o tratamento mais eficaz. Além disso, a medida:

  • Padroniza o acesso ao medicamento na saúde suplementar;
  • Reduz desigualdades no tratamento do câncer;
  • Incentiva o uso de terapias baseadas em evidências;
  • Contribui para melhor acompanhamento e prognóstico de pacientes operados;

A chegada do cloridrato de alectinibe ao Rol da ANS representa uma mudança significativa na forma como o câncer de pulmão de não pequenas células é tratado no Brasil. 

Pacientes elegíveis agora têm acesso a um medicamento que combina eficácia comprovada, precisão genética e segurança, respaldado por ensaios clínicos robustos como o NEJM 2025, refletindo a evolução da medicina personalizada e garantindo maior qualidade de vida após a cirurgia.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.