Pesquisadores descobrem combinação de exames que detecta risco cardíaco

Estudo indica nova forma de detectar infarto silencioso. (Foto: Nenov brothers via Canva)
Estudo indica nova forma de detectar infarto silencioso. (Foto: Nenov brothers via Canva)

Um novo avanço na cardiologia preventiva promete mudar a forma como avaliamos a saúde do coração. Pesquisadores revelaram que três exames de sangue comuns são capazes de prever o risco de infarto com grande precisão, mesmo em pessoas que não apresentam nenhum sintoma aparente.

Sangue revela o que o coração ainda não mostrou

O sangue carrega pistas valiosas sobre o estado geral do organismo. Segundo um estudo divulgado nas Sessões Científicas da American Heart Association (AHA) de 2025, a análise conjunta de três biomarcadores específicos pode funcionar como um radar precoce de doenças cardíacas.

Foram avaliados dados de mais de 300 mil adultos saudáveis, acompanhados ao longo de 15 anos. O resultado impressionou: indivíduos com níveis elevados dos três marcadores tiveram três vezes mais probabilidade de sofrer um infarto. Aqueles com dois marcadores alterados tiveram o dobro do risco. Mesmo um único marcador fora da faixa ideal já indicava um aumento de até 45% na chance de um evento cardíaco.

Três indicadores funcionam como alerta antecipado

Análises genéticas e inflamatórias ajudam na prevenção cardíaca. (Foto: Pexels via Canva)
Análises genéticas e inflamatórias ajudam na prevenção cardíaca. (Foto: Pexels via Canva)

A pesquisa destacou três elementos-chave que, em conjunto, ajudam a decifrar o estado das artérias e o equilíbrio metabólico:

  • Lipoproteína(a): uma forma hereditária de colesterol que favorece o acúmulo de placas nas artérias.
  • Colesterol remanescente: gordura residual que muitas vezes não aparece em exames convencionais, mas contribui para entupimentos arteriais.
  • Proteína C-reativa ultrassensível (PCR-us): marcador de inflamação sistêmica, que sinaliza quando o corpo está sob estresse ou dano celular.

Esses três marcadores representam diferentes origens do risco cardíaco, genética, metabolismo e inflamação, e, avaliados juntos, formam uma espécie de assinatura biológica do coração.

Uma nova forma para a prevenção cardiovascular

Embora a pesquisa ainda esteja em fase inicial, ela reforça um princípio essencial: quanto mais cedo o risco é detectado, maior a chance de prevenir complicações graves. A combinação desses exames pode se tornar especialmente útil para quem tem histórico familiar de doenças do coração, colesterol alterado, diabetes ou pressão alta.

Nem todos os fatores identificados podem ser modificados, a Lipoproteína(a), por exemplo, tem origem genética, mas outros podem ser controlados com tratamento médico e mudanças no estilo de vida. Adotar uma alimentação equilibrada, evitar o sedentarismo e reduzir o consumo de gordura saturada continuam sendo atitudes fundamentais para manter o coração saudável.

Diagnóstico antecipado

O avanço na detecção por biomarcadores abre caminho para uma medicina mais preventiva e personalizada. Em vez de reagir a sintomas, os médicos poderão agir antes que o problema se manifeste.

Essa nova estratégia mostra que o sangue pode ser o espelho mais fiel da saúde cardiovascular. Entender o que ele revela é a chave para evitar o infarto antes mesmo que ele se anuncie.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.