Tesouro cartaginês interceptado na Noruega revela mistérios do mediterrâneo antigo

Moedas púnicas de Cartago revelam comércio antigo no Mediterrâneo. (Foto: Gerada por IA via Gemini)
Moedas púnicas de Cartago revelam comércio antigo no Mediterrâneo. (Foto: Gerada por IA via Gemini)

Imagine uma frota de mercadores cartagineses navegando pelo Mediterrâneo há mais de dois mil anos, transportando moedas de bronze que, séculos depois, acabariam sendo encontradas a milhares de quilômetros de distância. Foi exatamente isso que aconteceu em 2022, quando 30 moedas púnicas apareceram em Oslo, Noruega, prontas para serem vendidas no mercado de antiguidades. 

A suspeita de que esses artefatos tivessem origem ilícita levou à ação das autoridades e desencadeou uma investigação internacional.

As peças foram examinadas pelo Museu de História Cultural da Universidade de Oslo, confirmando sua produção em Cartago durante a Segunda Guerra Púnica (218–201 a.C.). Após trâmites legais e negociações diplomáticas, o conjunto retornou à Tunísia, mostrando como cooperação internacional é essencial para proteger o patrimônio cultural.

Um tesouro que fala sobre Cartago

Embora não se saiba exatamente como as moedas chegaram ao mar, elas carregam informações preciosas:

  • Peso total: aproximadamente 200 quilos.
  • Material: bronze, destacando-se frente a moedas de prata e ouro mais documentadas.
  • Iconografia: deusa Tanit em uma face e cavalo diante de palmeira na outra.
  • Produção: provavelmente em uma única casa da moeda, indicando uniformidade na cunhagem.

Estes detalhes oferecem insights sobre o comércio marítimo e a logística militar cartaginesa, além de fornecer pistas sobre como as moedas circulavam no Mediterrâneo Ocidental.

Protegendo o patrimônio em tempos modernos

Patrimônio cultural protegido graças à cooperação internacional. (Foto: Gerada por IA via Gemini)
Patrimônio cultural protegido graças à cooperação internacional. (Foto: Gerada por IA via Gemini)

O caso revela desafios recorrentes na preservação de artefatos históricos:

  • Portabilidade e valor elevado, tornando moedas de bronze alvos de tráfico.
  • Legislação fragmentada, com convenções internacionais aplicadas de forma desigual.
  • Mercados digitais, que aumentam a circulação anônima de peças históricas.

A devolução das moedas só foi possível graças à coordenação entre comerciantes, museus, polícia e diplomacia, destacando a importância de uma abordagem colaborativa na proteção do patrimônio.

Valor histórico e acadêmico

Mesmo sem o contexto arqueológico original, o conjunto oferece:

  • Possível origem submersa, sugerindo naufrágios ou depósitos estratégicos.
  • Informações sobre o comércio cartaginês e operações militares antigas.
  • Contribuição para pesquisa acadêmica e diplomacia cultural, incentivando políticas mais rigorosas contra o tráfico de artefatos.

Cada moeda, embora pequena, representa uma peça essencial na reconstrução do passado, lembrando que proteger a história é também preservar a memória das civilizações antigas.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.