O fenômeno luminoso da Antártida que esconde segredos cruciais para o planeta

Pontos luminosos na Antártida mostram importância das microalgas no clima (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)
Pontos luminosos na Antártida mostram importância das microalgas no clima (Crédito: Getty Images/ Canva Pro)

Durante mais de 25 anos, pontos brilhantes nas águas geladas da Antártida intrigaram cientistas de todo o mundo. Fotografias de satélite mostravam manchas azul-turquesa surgindo em regiões remotas, mas sua origem permanecia um mistério. Agora, pesquisas recentes publicadas na revista Global Biogeochemical Cycles finalmente desvendam o fenômeno, revelando que microalgas microscópicas, como diatomáceas e cocolitóforos, são as responsáveis por esses reflexos fascinantes.

A descoberta não apenas esclarece um enigma científico antigo, mas também evidencia o papel fundamental desses organismos no sequestro de carbono e no equilíbrio climático da região antártica.

Como os brilhos se formam

O estudo detalhou o processo que gera o efeito luminoso observado:

  • Diatomáceas: possuem estruturas de sílica altamente reflexivas, formando “conchas” de vidro natural que captam e refletem a luz solar;
  • Cocolitóforos: cobertos por placas de carbonato de cálcio, também contribuem para o brilho e mostram adaptação surpreendente às águas frias da Antártida;
  • Interação com o ambiente: juntas, essas algas influenciam a produtividade biológica e a absorção de CO₂, reforçando o papel do oceano como sumidouro natural de carbono.

Esses organismos demonstram que mesmo em condições extremas, a vida microscópica pode prosperar e desempenhar funções ecológicas críticas.

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Impactos climáticos e revisão de modelos

Microalgas da Antártida criam pontos brilhantes e influenciam o clima (Crédito: Photo Images/ Canva Pro)
Microalgas da Antártida criam pontos brilhantes e influenciam o clima (Crédito: Photo Images/ Canva Pro)

Além de revelar a origem dos pontos luminosos, a pesquisa mostrou que os modelos de cor oceânica usados por satélites precisavam ser atualizados. Algoritmos anteriores subestimavam a presença das diatomáceas nas águas polares, gerando erros em estimativas de produtividade biológica e sequestro de carbono.

Corrigir essas imprecisões é essencial para:

  • Aprimorar projeções climáticas globais;
  • Compreender melhor a resposta dos oceanos ao aquecimento global;
  • Avaliar como mudanças nas populações microscópicas podem afetar o equilíbrio climático.

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Aprendizados sobre ecossistemas polares

O fenômeno luminoso da Antártida reforça que os ecossistemas polares são extremamente sensíveis a fatores como:

  • Acidificação dos oceanos;
  • Mudanças nas correntes marítimas;
  • Aquecimento global

Monitorar e estudar essas microalgas é uma ferramenta essencial para entender o futuro do clima e do planeta.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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