A crença de que refrigerantes zero representam uma escolha mais leve caiu por terra após um dos maiores levantamentos populacionais sobre saúde hepática. O estudo conduzido por Lihe Liu, baseado no acompanhamento de mais de 120 mil pessoas ao longo de dez anos, trouxe um alerta contundente: as versões zero podem aumentar mais o risco de doença hepática do que os refrigerantes tradicionais.
Impacto real no fígado revelado por dados de longo prazo
Os participantes observados não apresentavam problemas hepáticos no começo do estudo, o que permitiu analisar como o consumo de diferentes bebidas influenciava o desenvolvimento de doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica, conhecida como MASLD.
A análise mostrou que ingerir mais de 250 g por dia de bebidas classificadas como de baixo teor de açúcar ou sem açúcar elevou em 60% o risco de desenvolver MASLD. Já os refrigerantes tradicionais, adoçados com açúcar, elevaram esse risco em 50%.
Esses números evidenciam que, ao contrário do que muitos imaginam, o refrigerante zero não é a opção mais segura e pode se tornar igualmente prejudicial mesmo em consumo moderado, como uma lata por dia.
Por que as versões zero também prejudicam a saúde hepática?

A ausência de açúcar não impede que as bebidas zero afetem o metabolismo. Segundo os mecanismos avaliados pelos autores, os adoçantes podem:
- Alterar a microbiota intestinal
- Interferir na saciedade
- Estimular secreção de insulina
- Desregular vias metabólicas ligadas ao acúmulo de gordura hepática
Essas alterações contribuem para o avanço da MASLD, condição marcada por excesso de gordura no fígado, inflamação, fadiga e evolução para quadros graves se não houver intervenção adequada.
O crescimento da doença no mundo torna o risco ainda maior
Durante os mais de dez anos de acompanhamento, mais de mil indivíduos desenvolveram a doença, enquanto outros morreram por causas diretamente relacionadas ao fígado.
Além disso, a MASLD, anteriormente denominada doença hepática gordurosa não alcoólica, já afeta mais de 30% da população mundial, reforçando a necessidade de identificar hábitos que aceleram sua progressão. Entre eles, o consumo rotineiro de refrigerantes tradicionais e zero aparece como um dos principais gatilhos metabólicos.
A única substituição realmente benéfica segundo o estudo
Entre todas as trocas analisadas, apenas uma apresentou redução consistente de risco: refrigerante por água. A substituição por água reduziu:
- 12,8% do risco quando comparada às bebidas açucaradas
- 15,2% do risco quando comparada às versões zero
Trocar um tipo de refrigerante pelo outro, zero por açucarado ou vice-versa, não trouxe benefício algum, o que reforça que a chave está na hidratação natural, livre de adoçantes e açúcares.
A água reduz a sobrecarga metabólica, ajuda a equilibrar os níveis de glicose e evita o excesso de gordura hepática. Por isso, permanece como a opção mais segura e protetora para a saúde do fígado.
Próximos passos
Os pesquisadores pretendem avançar em estudos genéticos e ensaios clínicos longos para entender com precisão como açúcar, adoçantes artificiais e microbiota intestinal interagem na progressão das doenças hepáticas. O objetivo é aprimorar recomendações de prevenção e fortalecer estratégias de saúde pública.

