As cutículas, tão pequenas e muitas vezes ignoradas, desempenham um papel fundamental na defesa das unhas. Elas selam a região entre a pele e a lâmina ungueal, impedem a invasão de microrganismos e mantêm a matriz, a parte responsável pelo crescimento saudável, protegida.
Mesmo assim, o hábito de remover esse tecido continua muito comum e, embora pareça apenas uma etapa estética, ele pode trazer consequências importantes para a saúde.
A barreira que você não vê, mas que faz diferença
A camada que chamamos de cutícula é formada por células mortas, mas logo abaixo existe um tecido vivo e sensível, essencial para evitar a entrada de germes. Quando essa estrutura é cortada, pequenas aberturas são criadas e bactérias e fungos encontram um caminho fácil para se instalar. Esse processo favorece inflamações como paroníquia, micoses recorrentes e até deformações progressivas nas unhas.
Retirar a cutícula repetidamente também altera a superfície ungueal. Ondulações, fragilidade, descamação e quebras frequentes são sinais comuns entre pessoas que acreditam ter unhas fracas, quando na verdade enfrentam as consequências de uma barreira constantemente lesionada.
O que a ciência indica sobre inflamação e danos aos tecidos
Embora poucas pesquisas foquem diretamente no corte de cutículas, o entendimento científico sobre inflamação e cicatrização ajuda a explicar por que a remoção agressiva desse tecido é problemática.
Um estudo recente publicado por Vineet Relhan e Anuva Bansal (2022) destaca como processos inflamatórios sustentados podem prejudicar a integridade dos tecidos, dificultar a reparação e aumentar a suscetibilidade a infecções. O mecanismo descrito pelos autores é semelhante ao observado quando a cutícula é constantemente ferida: pequenas agressões repetidas levam a inflamações crônicas e maior exposição a microrganismos.
Alguns países restringem o corte de cutículas

Em diferentes regiões do mundo, especialmente nos Estados Unidos, a remoção de cutículas feita por profissionais é limitada ou até proibida.
O motivo é simples: envolve manipulação de pele viva e aumenta a chance de transmissão de patógenos. Como nem sempre é possível garantir esterilização adequada ou evitar microlesões, o procedimento é considerado inseguro em diversos estados.
Formas seguras de cuidar das cutículas sem remover
É possível manter unhas bonitas e saudáveis sem recorrer ao corte. Para isso, vale adotar cuidados simples, mas eficientes:
• Amolecer a cutícula em água morna e apenas empurrar suavemente o excesso
• Hidratar diariamente com óleo nutritivo ou creme específico
• Evitar roer ou puxar a pele ao redor das unhas
• Garantir que instrumentos de manicure sejam esterilizados corretamente
• Redobrar a atenção se houver diabetes, má circulação ou baixa imunidade
Manter a região hidratada reduz rachaduras e preserva a função protetora, além de melhorar a aparência com o tempo.
Cuidar das cutículas é cuidar das unhas
As cutículas não são um detalhe estético dispensável. Elas integram um sistema de proteção que impede infecções e garante o crescimento saudável das unhas. Com pequenos ajustes na rotina, é possível equilibrar beleza e saúde sem remover aquilo que o corpo desenvolveu para se proteger.

