Veneno de marimbondo pode ajudar a tratar o Alzheimer, revela pesquisa da UnB

Veneno de marimbondo pode inspirar tratamento do Alzheimer. (Foto: Pixabay via Canva)
Veneno de marimbondo pode inspirar tratamento do Alzheimer. (Foto: Pixabay via Canva)

Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) deram um passo importante na busca por novas estratégias contra o Mal de Alzheimer, uma das doenças neurodegenerativas mais desafiadoras da atualidade. O estudo liderado pela professora Luana Cristina Camargo, do Instituto de Psicologia da UnB, analisou os componentes químicos do veneno de marimbondo e encontrou neles um aliado promissor para proteger os neurônios.

O composto identificado é um peptídeo chamado Octovespina, responsável por parte dos efeitos biológicos do veneno. Em testes de laboratório, essa substância mostrou capacidade de interferir no acúmulo da proteína beta-amiloide, uma das principais responsáveis pela degeneração cerebral observada em pacientes com Alzheimer.

Como o composto atua no cérebro

O Alzheimer está diretamente ligado ao acúmulo de placas beta-amiloides, que comprometem a comunicação entre os neurônios e provocam morte celular progressiva. A Octovespina atua reduzindo a formação dessas placas, o que pode retardar a perda de memória, a dificuldade de raciocínio e outros sintomas cognitivos típicos da doença.

Em vez de agir sobre os sintomas, a estratégia busca atuar na causa molecular, oferecendo uma nova via terapêutica ainda em investigação. O estudo está em fase pré-clínica, mas os resultados iniciais indicam que o composto pode se transformar em base para um futuro medicamento, após rigorosos testes de segurança e eficácia.

Financiamento e próximos passos

Octovespina mostra potencial contra danos cerebrais. (Foto: Getty Images via Canva)
Octovespina mostra potencial contra danos cerebrais. (Foto: Getty Images via Canva)

O projeto recebeu investimento de R$ 1,1 milhão da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), além de apoio do governo federal. O objetivo é avançar para testes em modelos biológicos mais complexos e, futuramente, ensaios clínicos com voluntários humanos.

A partir desses estudos, os cientistas esperam sintetizar a Octovespina em laboratório, evitando o uso direto do veneno e tornando o processo seguro e sustentável. Caso os resultados se mantenham positivos, essa pesquisa pode abrir novas fronteiras no tratamento de doenças neurodegenerativas, não apenas do Alzheimer, mas também de condições associadas à inflamação e ao estresse oxidativo no cérebro.

Veja também:

Entendendo o Alzheimer

Embora ainda não exista cura, o Alzheimer pode ter o risco reduzido por meio de hábitos saudáveis, como:

  • manter uma alimentação equilibrada;
  • praticar atividades físicas regularmente;
  • evitar o tabagismo;
  • e estimular o cérebro com leitura e aprendizado contínuo.

Essas medidas ajudam a proteger os neurônios e podem retardar o aparecimento dos sintomas.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.