Vacinas do futuro podem ser mais seguras e eficazes graças a nova técnica

Nanopartículas guiam vacinas direto aos linfonodos. (Foto: Super Ohmo via Canva)
Nanopartículas guiam vacinas direto aos linfonodos. (Foto: Super Ohmo via Canva)

Pesquisadores da Universidade Nacional de Cingapura (NUS Medicine) e da Universidade Tsinghua desenvolveram uma técnica inovadora que pode mudar a forma como as vacinas de mRNA são aplicadas. 

A novidade usa nanopartículas lipídicas modificadas por Azul de Evans (EB-LNP), que se ligam à albumina, uma proteína natural do corpo. Com isso, o mRNA é levado diretamente aos linfonodos, pontos estratégicos do sistema imunológico, evitando o fígado, onde muitas vacinas tradicionais podem causar efeitos colaterais.

Essa abordagem não apenas aumenta a segurança, mas também melhora a eficiência da vacina, garantindo que o corpo produza uma resposta imunológica mais forte e duradoura, mesmo com doses menores.

Como os EB-LNPs funcionam

Vacinas de mRNA mais seguras e eficazes com EB-LNP. (Foto: Vladeep via Canva)
Vacinas de mRNA mais seguras e eficazes com EB-LNP. (Foto: Vladeep via Canva)

As vacinas tradicionais com nanopartículas de polietilenoglicol (PEG-LNP) muitas vezes se acumulam no fígado, o que pode reduzir a eficácia da imunização e aumentar o risco de inflamação ou outros efeitos adversos. Os EB-LNPs funcionam de maneira diferente. Eles recrutam albumina para sua superfície e usam o sistema linfático para chegar diretamente aos linfonodos.

Nos linfonodos, o mRNA é absorvido de forma eficiente, estimulando células T e anticorpos neutralizantes que atacam vírus ou células tumorais. Isso significa que a vacina age onde é mais necessária, diminuindo a exposição desnecessária de outros órgãos e aumentando a proteção do organismo.

Benefícios para a saúde e prevenção de doenças

Estudos publicados na Nature Materials mostraram que essa tecnologia é eficaz tanto contra infecções virais, como influenza H1N1 e variantes do SARS-CoV-2, quanto no tratamento de cânceres, como melanoma e tumores associados ao HPV. 

Além disso, mesmo com doses repetidas, não foram observadas inflamações ou reações adversas significativas, tornando a técnica segura para uso prolongado.

O método também pode abrir caminho para aplicações em doenças autoimunes e outros tipos de câncer, porque entrega o mRNA diretamente aos locais onde o corpo precisa reagir. Para os pacientes, isso pode significar menos injeções, proteção mais duradoura e menor risco de efeitos colaterais.

Atualmente, os pesquisadores estão planejando testes clínicos em humanos, com foco na segurança, eficácia e produção em larga escala. A expectativa é que essa tecnologia transforme as vacinas de mRNA, tornando-as mais confiáveis, fáceis de aplicar e com resultados mais consistentes.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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