Ultrassom promete tratar o câncer sem cortes nem quimioterapia

Som substitui bisturi em tratamento inovador contra tumores. (Foto: Getty Images via Canva)
Som substitui bisturi em tratamento inovador contra tumores. (Foto: Getty Images via Canva)

A medicina está entrando em uma fase promissora com o avanço de tecnologias capazes de eliminar tumores sem bisturi. Um dos maiores exemplos dessa revolução é o uso do ultrassom de alta intensidade, que já começa a transformar o tratamento do câncer em diversos países.

A técnica, chamada histotripsia, usa ondas sonoras concentradas para destruir o tecido tumoral, oferecendo uma alternativa não invasiva e segura às cirurgias e à quimioterapia tradicional.

Como o ultrassom age sobre o tumor

Tecnologia promete eliminar câncer sem cortes ou dor. (Foto: Science Photo Library via Canva)
Tecnologia promete eliminar câncer sem cortes ou dor. (Foto: Science Photo Library via Canva)

Diferente dos exames de imagem, que apenas captam o interior do corpo, o ultrassom terapêutico é capaz de atuar diretamente no tumor. Durante o procedimento, pulsos ultrarrápidos são direcionados com precisão milimétrica para a região afetada. Essas ondas criam microbolhas que colapsam rapidamente, desintegrando as células doentes. Em seguida, o próprio sistema imunológico elimina os restos do tecido destruído.

O processo é realizado por um braço robótico guiado por imagem, garantindo precisão e segurança. Na maioria dos casos, o tratamento dura de uma a três horas e o paciente pode voltar para casa no mesmo dia.

Eficiência e segurança já comprovadas

A histotripsia já foi aprovada pela FDA, nos Estados Unidos, para tratar tumores no fígado, e estudos clínicos apontam sucesso em 95% dos casos. Além disso, o Reino Unido também aprovou o uso da técnica em 2024, ampliando sua aplicação em sistemas públicos de saúde.

Entre os benefícios mais notáveis estão:

  • Ausência de cortes e cicatrizes;
  • Menor tempo de recuperação;
  • Baixo risco de efeitos colaterais;
  • Alta precisão na destruição do tumor, poupando tecidos saudáveis.

Comparação com métodos tradicionais

Outra técnica de ultrassom usada contra o câncer é o HIFU (Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade). Embora também destrua tumores, o HIFU faz isso gerando calor intenso, o que pode afetar tecidos próximos. Já a histotripsia atua de forma mecânica e sem aquecimento, tornando-se mais segura para áreas delicadas.

Enquanto a quimioterapia e a radioterapia continuam eficazes, elas trazem efeitos colaterais severos e comprometem a qualidade de vida. O ultrassom, por outro lado, oferece um caminho mais leve e preciso, e pode até potencializar o efeito de outros tratamentos, reduzindo doses de medicamentos tóxicos.

Desafios e próximos passos

Apesar dos resultados impressionantes, a histotripsia ainda enfrenta desafios. A técnica não é eficaz para tumores em regiões ósseas ou em órgãos cheios de ar, como os pulmões. Também faltam estudos de longo prazo para confirmar se há risco de recorrência do câncer.

Mesmo assim, pesquisadores seguem testando o método em cânceres de rim, pâncreas e mama, além de explorar sua combinação com imunoterapia, um passo que pode abrir novas possibilidades para tratar metástases e cânceres em estágio avançado.

Um futuro sem bisturi

O uso do ultrassom em tratamentos oncológicos marca o início de uma nova era na medicina moderna. Ele representa a possibilidade real de tratar o câncer com menos sofrimento, sem cirurgias e com recuperação rápida.

Embora ainda não seja a cura definitiva, o avanço da histotripsia indica que a ciência está cada vez mais próxima de transformar o som em uma poderosa arma contra o câncer.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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