A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das condições hormonais mais comuns entre mulheres em idade reprodutiva, afetando cerca de 13% da população global. Entre os sintomas mais desafiadores estão o ganho de peso rápido, a resistência à insulina e a irregularidade menstrual, fatores que impactam diretamente na qualidade de vida e na fertilidade.
Recentemente, medicamentos para perda de peso baseados em GLP-1, como semaglutida e tirzepatida, vêm mostrando resultados promissores no manejo da doença, abrindo novas perspectivas para tratamentos personalizados.
Crescimento expressivo das prescrições de GLP-1
Nos Estados Unidos, as prescrições de medicamentos GLP-1 para mulheres com SOP cresceram mais de sete vezes desde 2021, segundo análise de 120 milhões de registros de pacientes da Truveta.
Hoje, aproximadamente 17,6% das pacientes diagnosticadas com SOP recebem esses medicamentos, contra apenas 2,4% há quatro anos. O aumento expressivo indica que médicos e especialistas estão reconhecendo o potencial desses fármacos para aliviar sintomas da SOP, além de auxiliar na perda de peso.
Benefícios observados nos tratamentos

Embora ainda não existam ensaios clínicos específicos para SOP, os médicos relatam diversas melhorias com o uso de GLP-1:
- Regulação do ciclo menstrual
- Redução da resistência à insulina
- Perda de peso consistente
- Aumento da fertilidade em algumas pacientes
Esses resultados sugerem que os GLP-1 podem agir de maneira direta sobre os mecanismos hormonais da SOP, não apenas promovendo o emagrecimento. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar efeitos independentes da perda de peso.
Oportunidade perdida para a saúde feminina
Atualmente, a maior parte dos ensaios clínicos de GLP-1 foca em doenças como diabetes tipo 2, obesidade geral, Parkinson, Alzheimer e dependência química, mas não inclui mulheres com SOP.
A ausência de estudos dedicados representa uma oportunidade significativa para ampliar o entendimento sobre a síndrome, especialmente em pacientes que não apresentam sobrepeso ou obesidade, que correspondem a cerca de 30% das mulheres com SOP.
Tratamentos tradicionais ainda dominam
Apesar do avanço dos GLP-1, muitas pacientes ainda recebem tratamentos antigos:
- Metformina para controle da insulina
- Orlistat para perda de peso
- Pílulas anticoncepcionais para regular o ciclo menstrual
Essas opções oferecem resultados limitados, reforçando a necessidade de terapias mais eficazes, seguras e direcionadas.
Perspectivas futuras
O aumento de prescrições de GLP-1 para SOP sinaliza uma mudança significativa no manejo da doença, mas a ausência de estudos clínicos específicos limita a compreensão completa de seu potencial. O cenário indica que o futuro da saúde feminina depende de pesquisas dedicadas, capazes de atender não apenas mulheres com sobrepeso, mas toda a diversidade de pacientes com SOP.

