Terra e Theia nasceram lado a lado no Sistema Solar, revela novo estudo

Isótopos revelam que Terra e Theia nasceram lado a lado no Sistema Solar. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Isótopos revelam que Terra e Theia nasceram lado a lado no Sistema Solar. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Uma nova análise isotópica reacendeu o debate sobre a origem do sistema Terra-Lua, revelando que a Terra e o antigo protoplaneta Theia podem ter se formado como vizinhos muito próximos no Sistema Solar interno. Esse cenário altera interpretações clássicas sobre o impacto gigante que moldou a Lua e redefine como compreendemos a evolução dos primeiros planetas rochosos.

O estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto Max Planck, apresentou evidências de que os dois corpos compartilhavam a mesma região de formação, reforçando a hipótese de uma vizinhança planetária anterior à colisão que mudou para sempre a história do nosso planeta. Por que essa descoberta é tão importante?

  • Isótopos de ferro idênticos sugerem origem comum;
  • Amostras lunares das missões Apollo confirmam alinhamento composicional;
  • Meteoritos analisados reforçam a distribuição interna dos elementos formadores;
  • Modelos de colisão apontam cenários compatíveis apenas com origem próxima.

Isótopos que reconstroem a geografia do Sistema Solar primitivo

A equipe analisou proporções de isótopos de ferro em rochas terrestres e lunares, revelando assinaturas praticamente indistinguíveis. Esse tipo de evidência funciona como um “mapa químico”, capaz de indicar a região onde cada corpo se formou. Como esses padrões variam conforme a distância ao Sol, a coincidência isotópica indica que Terra e Theia surgiram no mesmo território interno, e não em regiões distantes, como algumas teorias sugeriam.

Nova análise indica origem comum entre Terra, Theia e a formação da Lua. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Nova análise indica origem comum entre Terra, Theia e a formação da Lua. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A Hipótese do Grande Impacto, amplamente aceita pela comunidade científica, descreve a colisão entre a proto-Terra e Theia há 4,5 bilhões de anos. A fusão dos materiais gerou a Lua e influenciou aspectos cruciais para a futura habitabilidade do planeta, como estabilidade climática, dinâmica das marés e ritmo de rotação.

Saber que ambos eram vizinhos reforça a lógica desse impacto e ajuda a explicar por que Terra e Lua compartilham composições tão parecidas, algo que modelos antigos tinham dificuldade em reproduzir.

Meteoritos, modelos computacionais e a dança orbital inicial

Os meteoritos analisados no estudo mostram que certos elementos só estavam disponíveis nas regiões internas do Sistema Solar. Paralelamente, cálculos de balanço de massa restringiram tamanho e composição dos protoplanetas envolvidos, eliminando hipóteses de origem distante. Esses resultados também indicam que o Sistema Solar primitivo passou por intensa reorganização orbital, com encontros gravitacionais capazes de aproximar e redistribuir corpos rochosos.

Ao demonstrar que Terra e Theia eram vizinhas, a pesquisa oferece uma moldura mais consistente para interpretar a formação de planetas rochosos, tanto aqui quanto em sistemas estelares distantes. Com isso, abre-se caminho para modelos mais precisos sobre habitabilidade e evolução planetária.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.