Tecnologia brasileira transforma luz solar e água em hidrogênio totalmente limpo

Reator brasileiro transforma luz solar e água em hidrogênio totalmente limpo (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Reator brasileiro transforma luz solar e água em hidrogênio totalmente limpo (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A possibilidade de produzir hidrogênio verde apenas com luz solar e água, sem emitir carbono em nenhuma etapa, acaba de ganhar força com um reator desenvolvido no Brasil. O equipamento, criado por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), demonstra como materiais abundantes no país podem sustentar uma transição energética realista e escalável. Além disso, o avanço indica que tecnologias limpas de alta eficiência estão cada vez mais próximas da indústria. Principais pontos dessa inovação:

  • Não usa metano nem qualquer insumo fóssil;
  • Opera apenas com energia solar direta;
  • Emprega materiais baratos e abundantes no Brasil;
  • Foi testado em condições reais, mantendo estabilidade.

Hematita turbinada: o coração do novo fotoeletrolisador

O reator pertence à classe dos fotoeletrolisadores, dispositivos capazes de separar água usando luz para gerar hidrogênio e oxigênio. O diferencial da equipe foi aperfeiçoar o fotoânodo, o eletrodo que captura a luz e inicia as reações químicas. Para isso, os cientistas utilizaram hematita, um óxido de ferro abundante e estável, enriquecido com pequenas quantidades de óxidos de alumínio e zircônio, o que elevou a eficiência sem comprometer a durabilidade.

Hematita aprimorada impulsiona avanço nacional na produção de hidrogênio verde (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Hematita aprimorada impulsiona avanço nacional na produção de hidrogênio verde (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

O estudo, publicado na ACS Energy Letters por Ingrid Rodríguez-Gutiérrez e colaboradores, mostra que o método de fabricação é escalonável, podendo ser adaptado a linhas industriais. Para demonstrar consistência, a equipe produziu cem fotoânodos idênticos, depois organizados em módulos maiores capazes de operar em sincronia.

Resultados promissores e próximos passos da tecnologia

Os testes revelaram que o sistema mantém desempenho estável por 120 horas em simulador de luz solar. Em seguida, protótipos foram expostos ao ar livre e apresentaram a mesma eficiência, confirmando sua robustez. Esses resultados representam um salto em relação a trabalhos anteriores da mesma equipe, que já havia aumentado o rendimento do hidrogênio verde há dois anos.

Agora, o grupo avança na criação do fotocátodo, o segundo eletrodo necessário para que todo o sistema funcione exclusivamente com radiação solar. A proposta final é montar módulos totalmente autônomos, compactos e ajustáveis, ideais para setores industriais que dependem de hidrogênio em pontos específicos da produção.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.