Starcloud lança IA em órbita e inaugura era de data centers no espaço

IA no espaço: satélite processa dados com chip Nvidia H100 (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
IA no espaço: satélite processa dados com chip Nvidia H100 (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A corrida por inteligência artificial de alto desempenho acaba de ganhar um novo capítulo. Pela primeira vez, um satélite equipado com chip H100 da Nvidia executou um modelo de linguagem completo diretamente em órbita, mostrando que a computação em órbita é tecnicamente viável e pode abrir caminho para data centers espaciais.

Esse feito da Starcloud representa mais que uma demonstração tecnológica: sinaliza a possibilidade de levar operações massivas de IA para ambientes onde a energia solar é constante e o impacto ambiental é reduzido. Entre os principais avanços desse projeto estão:

  • Rodar grande modelo de linguagem (LLM), como o Gemma da Google, sem limitações;
  • Demonstrar estabilidade de temperatura, energia e integridade de hardware em ambiente orbital;
  • Processar tarefas complexas, incluindo treinamento de modelos como o NanoGPT com obras literárias completas;
  • Integrar IA com telemetria, permitindo monitoramento em tempo real de posição, velocidade e dados ambientais.

Vantagens da computação orbital

Starcloud inaugura era dos data centers orbitais eficientes (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Starcloud inaugura era dos data centers orbitais eficientes (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A operação de IA no espaço oferece benefícios significativos para o futuro da tecnologia. Os satélites aproveitam a energia solar contínua, praticamente ilimitada, sem sofrer interferências de variações climáticas, garantindo uma fonte estável e quase infinita de energia. 

Além disso, essa abordagem contribui para a redução do impacto ambiental, já que o consumo de água e energia é muito menor em comparação aos data centers terrestres. 

A alta performance também é um ponto crucial, permitindo o processamento de modelos complexos sem risco de sobrecarga na infraestrutura tradicional. Por fim, as aplicações práticas são imediatas e diversas, incluindo monitoramento ambiental, detecção de incêndios, localização de embarcações e suporte a operações de proteção civil, demonstrando como a computação orbital pode transformar setores estratégicos.

Próximos passos e corrida espacial da IA

Computação em órbita permite monitoramento ambiental em tempo real (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Computação em órbita permite monitoramento ambiental em tempo real (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A Starcloud já planeja data centers orbitais de 5 gigawatts, equipados com painéis solares e sistemas de resfriamento capazes de superar a maior usina elétrica dos Estados Unidos em eficiência. Paralelamente, o setor observa a movimentação de concorrentes: o Google, com o Project Suncatcher, pretende lançar satélites equipados com TPUs; a Lonestar trabalha para implantar o primeiro data center lunar comercial; e a Aetherflux projeta colocar satélites de IA em órbita a partir de 2027, ampliando a corrida tecnológica pelo espaço.

O próximo lançamento da Starcloud, previsto para outubro de 2026, combinará chips Nvidia H100, a plataforma Blackwell e módulo de nuvem Crusoe, tornando a computação orbital comercialmente disponível.O sucesso do Starcloud‑1 prova que data centers em órbita não são mais apenas conceito: eles podem tornar a computação de IA mais rápida, limpa e escalável. A integração de IA e espaço redefine o futuro da tecnologia, abrindo fronteiras antes restritas a laboratórios e supercomputadores terrestres.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.