Sonda Parker revela fenômeno solar que pode impactar Marte e futuras missões espaciais

Sonda Parker revela material solar retornando ao Sol e reconfigurando campos (Imagem: Fala Ciência via Gemini)
Sonda Parker revela material solar retornando ao Sol e reconfigurando campos (Imagem: Fala Ciência via Gemini)

Em uma aproximação histórica, a Parker Solar Probe, da NASA, capturou imagens nunca antes vistas da atmosfera solar, revelando que parte do material expelido pelo Sol não escapa, mas retorna à estrela. Este fenômeno, chamado fluxo de entrada, muda a configuração dos campos magnéticos solares e tem implicações diretas para o clima espacial que afeta planetas, satélites e astronautas.

O estudo, publicado no Astrophysical Journal Letters, demonstra que as ejeções de massa coronal (EMCs), famosas por impulsionar partículas de alta energia pelo sistema solar, nem sempre seguem trajetórias previsíveis. Entender esse processo é essencial para aprimorar previsões do impacto solar na Terra, Lua e Marte. Principais descobertas da Parker Solar Probe:

  • Partes do material e dos campos magnéticos expulsos podem retornar ao Sol;
  • Fluxos de entrada reconfiguram a atmosfera solar e influenciam futuras EMCs;
  • A interação desses fluxos pode alterar trajetórias, definindo se uma EMC atingirá ou não um planeta;
  • Medições precisas agora permitem determinar velocidade, tamanho e dinâmica das massas retornantes.

Reciclagem magnética e impacto no clima espacial

Fluxos de entrada mostram como o Sol recicla energia e magnetismo (Imagem: Fala Ciência via Gemini)
Fluxos de entrada mostram como o Sol recicla energia e magnetismo (Imagem: Fala Ciência via Gemini)

O fenômeno ocorre quando linhas de campo magnético torcidas se rompem e se reconectam, liberando material solar. Parte desse material é expelida para o espaço, enquanto outra parte forma laços magnéticos que retornam à estrela. Esse processo não apenas reorganiza a atmosfera solar, mas também pode direcionar futuras ejeções de massa coronal, influenciando a trajetória de partículas e radiação pelo sistema solar. 

Além disso, o estudo da Parker Solar Probe permite refinar modelos de clima espacial, aprimorar previsões de impacto em missões humanas e satélites e compreender como o Sol recicla energia e material, mantendo seu ciclo magnético contínuo.

Novos horizontes na exploração solar

A sonda Parker Solar Probe oferece uma perspectiva única e próxima do Sol, possibilitando observar detalhes que missões anteriores, como SOHO e STEREO, não conseguiram capturar. Cada passagem da Parker permite compreender melhor a dinâmica dos campos magnéticos coronais e preparar a humanidade para os desafios do clima espacial, especialmente em missões além da proteção da atmosfera terrestre.

Com essas informações, cientistas podem prever de forma mais precisa os efeitos de ejeções solares em todo o sistema solar, protegendo tecnologias, astronautas e infraestrutura sensível, ao mesmo tempo em que aprofundam nosso conhecimento sobre a estrela que mantém a vida na Terra.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.