Sonda chinesa capta cometa interestelar 3I/ATLAS em aproximação histórica de Marte

Novas imagens revelam detalhes inéditos do cometa 3I ATLAS (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Novas imagens revelam detalhes inéditos do cometa 3I ATLAS (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

O cometa interestelar 3I/ATLAS foi registrado de forma inédita em imagens obtidas pela sonda chinesa Tianwen-1, enquanto orbitava Marte. O visitante interestelar estava a aproximadamente 30 milhões de km da espaçonave, proporcionando uma das observações mais próximas já realizadas.

Além da Tianwen-1, as sondas europeias ExoMars TGO e Mars Express capturaram imagens no mesmo período, permitindo uma visão multidimensional do cometa. Essas observações oferecem dados valiosos sobre a trajetória, composição e comportamento do 3I/ATLAS.

Principais destaques das observações:

  • Sequência de imagens capturadas em 30 segundos permitiu criar animações do movimento;
  • Estrutura cometária detalhada foi registrada com alta resolução;
  • Observações coordenadas com missões europeias ampliam a análise científica;
  • Dados ajudam a entender mudanças de cor e aceleração do objeto;
  • Contribui para testes técnicos de futuras missões chinesas, como Tianwen-2.

Trajetória e observações coordenadas

A aproximação do cometa foi prevista com precisão, permitindo que instrumentos da Tianwen-1 fossem ajustados para registrar o momento exato da passagem. A análise dessas imagens revela movimentos sutis e alterações no brilho, oferecendo pistas sobre a interação do cometa com o ambiente solar próximo.

A coordenação com ExoMars TGO e Mars Express fornece múltiplos ângulos de observação, criando um conjunto de dados mais completo e permitindo simulações mais precisas da trajetória hiperbólica do 3I/ATLAS.

Um visitante possivelmente mais velho que o Sol

Objeto interestelar 3I/ATLAS registrado pela câmera da Tianwen-1 em 3 de outubro de 2025 (Imagem: CNSA/Divulgação via Xinhua)
Objeto interestelar 3I/ATLAS registrado pela câmera da Tianwen-1 em 3 de outubro de 2025 (Imagem: CNSA/Divulgação via Xinhua)

Estudos sugerem que o 3I/ATLAS se formou em torno de estrelas antigas localizadas próximas ao centro da Via Láctea, com idade estimada entre três e 11 bilhões de anos, potencialmente tornando-o mais antigo que o Sol. Esse dado é crucial para compreender a história de objetos interestelares e a evolução química da galáxia.

A observação bem-sucedida também representa um avanço tecnológico da missão Tianwen-1, demonstrando sua capacidade de capturar objetos tênues e distantes com precisão.

Mudanças de cor e aceleração do cometa

Pesquisas recentes indicam que o cometa 3I/ATLAS apresentou alterações de cor e evidências de aceleração não explicada apenas pela gravidade. Observatórios como STEREO, SOHO e GOES-19 foram utilizados para monitorar o cometa antes de seu periélio.

Esses dados sugerem que fatores como degaseificação ou outros mecanismos naturais podem influenciar o movimento do cometa, acrescentando informações sobre a dinâmica de corpos interestelares e sua composição química.

Contribuição científica e perspectivas futuras

As imagens do 3I/ATLAS reforçam a importância de missões coordenadas internacionais, permitindo estudos detalhados sobre a estrutura e comportamento de visitantes interestelares. Além disso, fornecem valiosa base para futuras missões chinesas, incluindo a Tianwen-2, que coletará amostras de asteroides e cometas do cinturão principal.

A combinação de alta resolução, múltiplos ângulos e monitoramento contínuo cria um panorama sem precedentes para o estudo de cometas interestelares, abrindo caminho para novas descobertas sobre a formação de sistemas planetários e a evolução da Via Láctea.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.