Solo do Arizona afunda rapidamente devido à retirada intensa de água

Solo do Arizona afunda até 15 cm por ano, alerta especialistas (Imagem: Kamchatka via Canva)
Solo do Arizona afunda até 15 cm por ano, alerta especialistas (Imagem: Kamchatka via Canva)

O Arizona enfrenta uma situação crítica: o solo está afundando rapidamente devido à extração excessiva de água subterrânea, principalmente em áreas agrícolas. Dados recentes mostram que a Bacia de Willcox registra subsidência de mais de 15 centímetros por ano, acumulando quase 4 metros de afundamento nas últimas décadas. Essa realidade ameaça poços, compromete a agricultura e altera permanentemente a capacidade do solo de armazenar água.

Apesar de ser um processo gradual, os efeitos já são visíveis no terreno, que apresenta rachaduras profundas, poços secos e solo compactado. Cientistas alertam que a combinação de extração contínua e recarga natural limitada cria um ciclo difícil de interromper. Principais impactos da subsidência no Arizona:

  • Poços e fontes de água estão secando mais rapidamente;
  • Rachaduras profundas afetam terrenos agrícolas e infraestrutura;
  • A capacidade do aquífero de reter água diminui permanentemente;
  • Chuvas e derretimento de neve não compensam a retirada intensa;
  • Regulamentações podem reduzir o ritmo de afundamento, mas não eliminá-lo.

Por que o solo afunda tão rápido?

Extração intensa de água compromete aquíferos e terreno no Arizona (Imagem: Kamchatka via Canva)
Extração intensa de água compromete aquíferos e terreno no Arizona (Imagem: Kamchatka via Canva)

O afundamento ocorre porque a água subterrânea sustenta os espaços entre partículas de solo e sedimentos. Quando esses vazios são esvaziados, o peso do material provoca o colapso do terreno, tornando o afundamento irreversível. Ao longo do tempo, o processo diminui a capacidade do aquífero de se recuperar naturalmente, criando um ciclo em que cada extração adicional acelera ainda mais a subsidência.

Pesquisadores utilizam radar interferométrico de abertura sintética (InSAR) para medir alterações na elevação do solo. Entre 2017 e 2021, regiões da Bacia de Willcox afundaram quase 1 metro, mesmo após chuvas intensas. Os dados indicam que a recarga natural do solo não é suficiente para compensar a retirada contínua de água, tornando a gestão de recursos ainda mais urgente.

Medidas de gestão e regulamentações

Para enfrentar o problema, autoridades classificaram a Bacia de Willcox como área de gestão ativa, permitindo controlar a extração de água. Experiências em Phoenix e Tucson mostram que medidas rigorosas podem estabilizar o nível dos aquíferos e reduzir significativamente a taxa de subsidência.

Apesar dos avanços, especialistas alertam que a recuperação completa é improvável. A expectativa é que o ritmo de afundamento diminua gradualmente, desde que políticas públicas, monitoramento contínuo e conscientização sobre uso sustentável de água sejam implementados de forma eficaz.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.