A Terra nunca está completamente em repouso. Mesmo quando acreditamos que certos processos geológicos cessaram, novas evidências revelam que o planeta segue em transformação. Um estudo publicado na revista Geophysical Research Letters demonstra que o Golfo de Suez, localizado entre a África e a Ásia, continua se expandindo, contrariando a ideia de que essa abertura tectônica havia terminado há milhões de anos.
- O Golfo de Suez ainda se alarga em ritmo lento.
- A expansão ocorre a cerca de 0,5 milímetro por ano.
- Recifes elevados e falhas geológicas confirmam atividade persistente.
- Mudanças nas placas redirecionaram parte da energia tectônica.
- A região pode apresentar maior risco sísmico do que se imaginava.
A persistência do rifteamento e evidências geológicas recentes
O processo de rifteamento, responsável pela abertura da crosta terrestre, começou há aproximadamente 28 milhões de anos, quando a placa Arábica iniciou seu afastamento da placa Africana. Embora muitos cientistas acreditassem que o fenômeno havia sido interrompido, os novos dados mostram que a separação nunca cessou, apenas desacelerou.

Essa constatação desafia a visão tradicional de que uma fenda continental só teria dois destinos: evoluir para um oceano ou parar completamente. O Golfo de Suez demonstra que há uma terceira possibilidade, a de permanecer ativo em ritmo extremamente lento, mas contínuo.
Pesquisadores analisaram uma faixa de 300 km ao longo da zona de rift e encontraram sinais claros de movimentação tectônica. Entre eles estão recifes de coral elevados a mais de 18 metros acima do nível do mar, deformações no relevo e pequenos tremores sísmicos. Esses indícios reforçam que a região segue em transformação, mesmo que de forma quase imperceptível ao olhar humano.
Comparações globais
O ritmo de expansão do Golfo de Suez é comparável ao observado no oeste dos Estados Unidos, onde a Província da Bacia e Cordilheira foi moldada por processos semelhantes. Essa analogia mostra que o rifteamento pode persistir em diferentes regiões do planeta, mesmo após mudanças significativas nas direções das placas tectônicas.
A continuidade da abertura no Golfo de Suez não é apenas uma curiosidade científica. Ela sugere que áreas consideradas “inativas” podem esconder atividade tectônica relevante, exigindo reavaliações com ferramentas modernas. Além disso, a persistência do processo aumenta a possibilidade de terremotos na região, o que reforça a necessidade de monitoramento constante.
O estudo sobre o Golfo de Suez revela que a dinâmica da Terra é mais complexa e duradoura do que se imaginava. Mesmo após milhões de anos, o planeta segue em movimento, lembrando-nos de que a geologia não conhece pausas definitivas. A fratura entre África e Ásia continua se abrindo, em silêncio, mas com implicações que podem ser sentidas no futuro.

