Saúde do coração começa nos primeiros mil dias de vida, aponta estudo

Evitar açúcar cedo protege o coração a longo prazo. (Foto: Magenta via Canva)
Evitar açúcar cedo protege o coração a longo prazo. (Foto: Magenta via Canva)

O período que compreende os primeiros mil dias de vida, desde a gestação até os 2 anos e meio, é crucial para o desenvolvimento de órgãos e sistemas biológicos. Nesse intervalo, a alimentação tem impacto direto na saúde futura do coração, influenciando a propensão a doenças cardiovasculares na vida adulta.

Um estudo recente publicado na revista científica The BMJ indicam que crianças sem exposição ao açúcar nessa fase inicial apresentam riscos significativamente menores de:

  • Ataques cardíacos
  • Insuficiência cardíaca
  • Arritmias
  • Acidente vascular cerebral (AVC)
  • Doenças cardiovasculares em geral

Evidências de longo prazo

A pesquisa analisou cerca de 63 mil adultos britânicos nascidos entre 1942 e 1953, período em que houve racionamento de açúcar durante a Segunda Guerra Mundial. Comparando grupos com e sem contato precoce com o açúcar, os resultados mostraram:

  • Redução de 25% no risco de ataque cardíaco
  • Redução de 26% em insuficiência cardíaca
  • Redução de 24% em arritmias
  • Redução de 31% em AVC
  • Redução de 20% em doenças cardiovasculares em geral

Esses dados sugerem que a restrição de açúcar nos primeiros anos tem efeito protetor a longo prazo, promovendo índices cardíacos mais favoráveis na idade adulta.

Como o açúcar afeta o coração

Primeiros mil dias de vida influenciam saúde cardiovascular. (Foto: Getty Images via Canva)
Primeiros mil dias de vida influenciam saúde cardiovascular. (Foto: Getty Images via Canva)

O excesso de açúcar contribui para o desenvolvimento de doenças crônicas, como:

  • Diabetes tipo 2
  • Obesidade
  • Dislipidemias
  • Hipertensão

Durante os primeiros anos, o organismo está formando padrões metabólicos que perduram por décadas. Evitar o consumo precoce de açúcar ajuda a manter funções cardíacas e metabólicas equilibradas, reduzindo a probabilidade de complicações cardiovasculares.

Doenças cardiovasculares mais comuns e sinais de alerta

Entre os problemas que mais afetam a saúde do coração, destacam-se:

  • Acidente vascular cerebral (AVC): dificuldade para falar, tontura e fraqueza de um lado do corpo
  • Infarto do miocárdio: dor no peito, queimação, formigamento no braço
  • Cardiomiopatia: fraqueza frequente, fadiga e inchaços

Prevenir esses quadros inclui alimentação equilibrada desde a gestação e primeiros anos de vida, prática de exercícios físicos e acompanhamento médico regular.

Estratégias para prevenção desde cedo

Para promover saúde cardiovascular a longo prazo:

  • Limitar açúcar na dieta de gestantes e crianças pequenas
  • Incentivar consumo de frutas, verduras e alimentos integrais
  • Evitar bebidas açucaradas e doces industrializados
  • Acompanhar o crescimento e o desenvolvimento infantil com profissionais de saúde

A atenção à alimentação nos primeiros mil dias de vida é uma medida eficaz para prevenir doenças cardíacas e garantir mais qualidade de vida ao longo da vida.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.