Robô Astrobee usa IA e navega sozinho na Estação Espacial

Astrobee usa IA para navegar com segurança pelos módulos da ISS (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Astrobee usa IA para navegar com segurança pelos módulos da ISS (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Imagine um robô do tamanho de uma torradeira flutuando pelos módulos da Estação Espacial Internacional (ISS), transportando suprimentos, verificando sistemas ou evitando obstáculos sem intervenção humana direta. Esse cenário, que parecia ficção científica, agora é realidade graças ao Astrobee, um robô movido a ventiladores que utiliza aprendizado de máquina para planejar trajetórias seguras e eficientes.

Pesquisadores de Stanford demonstraram com sucesso que IA pode guiar robôs na ISS, abrindo caminho para missões espaciais mais autônomas e liberando tempo dos astronautas para tarefas críticas. O estudo foi apresentado na Conferência Internacional de Robótica Espacial 2025 (iSpaRo) e publicado no arXiv, destacando avanços em otimização e inteligência artificial em ambientes de microgravidade. Principais recursos do sistema incluem:

  • Inicialização a quente: a IA fornece um ponto de partida com base em trajetórias anteriores;
  • Programação convexa sequencial: divide trajetórias complexas em etapas simples e seguras;
  • Detecção e prevenção de colisões: o robô evita obstáculos em tempo real;
  • Adaptação a espaços estreitos e congestionados: otimiza movimentos em módulos complexos;
  • Eficiência energética: planeja rotas que reduzem consumo e tempo de operação.

Desafios de navegar na ISS

Robô autônomo acelera trajetórias e libera tempo dos astronautas (Imagem: NASA / Dominic Hart)
Robô autônomo acelera trajetórias e libera tempo dos astronautas (Imagem: NASA / Dominic Hart)

A Estação Espacial é um ambiente altamente complexo, com módulos interconectados, equipamentos sensíveis e corredores estreitos. Sistemas de planejamento de robôs usados na Terra não funcionam adequadamente devido a limitações de hardware e às exigências rigorosas de segurança espacial. O Astrobee, portanto, combina IA e otimização matemática para calcular trajetórias seguras, rápidas e confiáveis, mesmo em condições imprevisíveis de microgravidade.

Durante os testes, 18 trajetórias foram avaliadas com e sem inicialização a quente, e o uso da IA reduziu o tempo de planejamento em 50 a 60%, especialmente em trajetos mais desafiadores, com curvas e manobras complexas. Com esses resultados, o sistema atingiu o Nível de Prontidão Tecnológica 5 da NASA, comprovando sua confiabilidade em ambiente real. 

Resultados e impacto futuro

Essa tecnologia possui implicações estratégicas importantes, incluindo o suporte a missões tripuladas à Lua e a Marte, onde o controle remoto é limitado, o aumento da autonomia de robôs em órbita, reduzindo a dependência de humanos, e a melhoria da eficiência em tarefas repetitivas ou complexas, liberando tempo valioso para os astronautas. 

Além disso, contribui para a expansão da exploração robótica, permitindo inspeções e transporte de cargas, e favorece a integração de inteligência artificial em sistemas espaciais futuros, garantindo segurança e confiabilidade. O Astrobee e seu sistema de aprendizado de máquina representam, portanto, um marco na robótica espacial, indicando que o futuro da exploração orbital será cada vez mais autônomo, seguro e eficiente.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.