Reduzir proteína na dieta pode desacelerar o envelhecimento, aponta ciência

Reduzir proteína pode ativar genes que retardam o envelhecimento. (Foto: Oksana Vector Art via Canva)
Reduzir proteína pode ativar genes que retardam o envelhecimento. (Foto: Oksana Vector Art via Canva)

Nos últimos anos, pesquisas científicas vêm mostrando que a quantidade e o tipo de proteína que consumimos podem alterar significativamente o modo como o corpo envelhece. 

A descoberta desafia antigos conceitos sobre nutrição e abre espaço para uma nova abordagem: o ajuste inteligente da ingestão proteica como ferramenta para prolongar a vida e manter a saúde em equilíbrio.

A relação entre proteína e envelhecimento celular

Estudos publicados em revistas especializadas mostram que a restrição moderada de proteínas ativa mecanismos biológicos que retardam o envelhecimento celular. Esse processo está ligado à redução de inflamações, melhora no metabolismo e menor risco de doenças crônicas como diabetes e hipertensão.

Experimentos com humanos e animais revelam que diminuir cerca de 10% a 15% da ingestão calórica, especialmente proveniente de proteínas, já é suficiente para notar benefícios no colesterol, glicose e pressão arterial. No entanto, a ciência alerta que excessos ou restrições extremas podem causar desequilíbrios e perda muscular, principalmente em pessoas idosas.

O tipo de proteína faz diferença, e muita

Excesso de carne pode acelerar o envelhecimento celular. (Foto: Nadianb via Canva)
Excesso de carne pode acelerar o envelhecimento celular. (Foto: Nadianb via Canva)

Nem todas as proteínas agem da mesma forma no organismo. Pesquisas indicam que as proteínas vegetais, como as presentes em leguminosas, grãos e cereais integrais, favorecem a longevidade e o equilíbrio metabólico. Já o consumo exagerado de carne vermelha e processada está relacionado ao aumento da mortalidade precoce.

Alguns fatores que tornam as proteínas vegetais benéficas:

  • Menor teor de metionina, aminoácido associado ao envelhecimento;
  • Presença de fibras e antioxidantes, que protegem as células;
  • Melhor digestibilidade em pessoas com mais de 60 anos.

O papel dos aminoácidos na expectativa de vida

Estudos conduzidos por universidades internacionais mostraram que animais alimentados com menos aminoácidos, especialmente BCAAs e metionina, viveram até 30% mais. Isso ocorre porque o corpo, diante da escassez controlada, ativa genes de reparo e regeneração celular, mecanismo semelhante ao da restrição calórica.

Porém, a chave está no equilíbrio. O organismo ainda precisa desses nutrientes para manter músculos, hormônios e tecidos saudáveis. A ideia não é eliminar proteínas, mas ajustar o consumo de forma estratégica.

Como aplicar a restrição de proteínas com segurança

A restrição proteica deve ser feita com acompanhamento profissional, respeitando idade, peso e nível de atividade física. Estratégias modernas já incluem dietas personalizadas e até fármacos que simulam os efeitos da restrição calórica, como os agonistas do GLP-1.

Para reduzir proteínas de forma segura:

  • Priorize fontes vegetais equilibradas (feijão, lentilha, grão-de-bico, quinoa);
  • Evite reduções bruscas e sem orientação médica;
  • Combine o plano alimentar com atividade física regular e sono adequado.

A ciência começa a desvendar como o equilíbrio nutricional impacta o envelhecimento. Cortar proteína não é o objetivo, mas sim compreender o quanto e de que tipo consumir. 

No futuro, dietas personalizadas baseadas em marcadores genéticos e metabólicos podem transformar a maneira como envelhecemos, com mais vitalidade e menos doenças.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.