Raiva herbívora volta a preocupar criadores após mortes no interior do RS

Doença sem cura ameaça rebanhos gaúchos. (Foto: Getty Images via Canva)
Doença sem cura ameaça rebanhos gaúchos. (Foto: Getty Images via Canva)

A raiva herbívora voltou a chamar atenção no Rio Grande do Sul após a morte de animais em uma propriedade rural. Apesar de muitas vezes ser negligenciada, essa doença viral letal representa um risco não apenas para o gado, mas também para a saúde humana, já que é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida de animais para pessoas.

O caso acendeu o alerta em todo o estado e reforçou a necessidade da vacinação preventiva e do monitoramento de morcegos hematófagos, conhecidos popularmente como morcegos vampiros, principais transmissores do vírus.

Entenda o que é a raiva herbívora

Vacinação é essencial para conter novos surtos. (Foto: Getty Images via Canva)
Vacinação é essencial para conter novos surtos. (Foto: Getty Images via Canva)

A raiva herbívora é causada por um vírus que afeta o sistema nervoso central de bovinos, equinos e ovinos. Depois de infectado, o animal apresenta sintomas neurológicos graves e acaba morrendo em poucos dias. Não existe tratamento eficaz, e por isso, a prevenção é a única forma de controle real da doença.

O período de incubação do vírus costuma variar entre 45 e 60 dias após a mordida do morcego contaminado. Quando os sinais clínicos aparecem, a evolução é rápida e quase sempre fatal.

O papel dos morcegos na tansmissão

Os morcegos hematófagos vivem em cavernas, ocos de árvores e até construções abandonadas, e saem à noite em busca de alimento. Durante a alimentação, uma simples mordida é suficiente para transmitir o vírus da raiva.

Em propriedades rurais, esses animais encontram rebanhos desprotegidos e de fácil acesso. Por isso, é fundamental que os produtores fiquem atentos e adotem estratégias de vigilância, como:

  • Identificação e eliminação de abrigos de morcegos nas redondezas;
  • Comunicação imediata às autoridades veterinárias ao notar mordidas suspeitas;
  • Manutenção da vacinação em dia de todo o rebanho.

Vacinação e vigilância: as melhores defesas

Mesmo não sendo obrigatória em todas as regiões, a vacinação anual contra a raiva é altamente recomendada. Ela cria uma barreira imunológica que impede a propagação do vírus e protege o rebanho de perdas irreparáveis.

Além disso, a atuação das inspetorias veterinárias e o monitoramento de um raio de 10 quilômetros ao redor de focos detectados ajudam a conter a disseminação. A combinação entre imunização e vigilância é, portanto, a forma mais eficaz de evitar novos surtos.

Sintomas e sinais de alerta

Os criadores devem observar atentamente o comportamento de seus animais. Os sinais mais comuns incluem:

  • Salivação intensa e dificuldade para engolir;
  • Tremores musculares e perda de equilíbrio;
  • Dificuldade para se levantar ou para se alimentar;
  • Mudanças bruscas de comportamento, como agitação ou apatia.

Diante de qualquer suspeita, é essencial comunicar imediatamente o serviço veterinário local. A rapidez na notificação pode evitar que a doença se espalhe e coloque em risco outros animais e até seres humanos.

Conscientização é a chave

A raiva herbívora não é apenas um problema veterinário, mas uma questão de saúde pública. Casos recentes reforçam que a negligência na vacinação e o atraso na comunicação de sintomas podem ter consequências graves. 

A informação e a prevenção continuam sendo as maiores aliadas dos produtores e da comunidade rural.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *