Primeiras rochas de plástico do Brasil encontradas ameaçam ecossistema marinho local

Ilustração realística de uma rocha híbrida. (Foto: Gerada com IA)
Ilustração realística de uma rocha híbrida. (Foto: Gerada com IA)

Pela primeira vez no Brasil, rochas formadas a partir de plástico foram registradas na Ilha da Trindade, no Espírito Santo. O achado evidencia que a poluição plástica vai além da fauna e da paisagem: ela também está interferindo em processos geológicos, criando formações híbridas que se incorporam ao sedimento natural das praias. 

A pesquisa, conduzida pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e publicada na Science Direct, mostra como a ação humana pode modificar ecossistemas aparentemente isolados.

Formação das rochas híbridas

Representação realística de uma rocha de plástico. (Foto: Gerada com IA)
Representação realística de uma rocha de plástico. (Foto: Gerada com IA)

As rochas de plástico surgem quando resíduos plásticos se fundem com sedimentos naturais, como areia, fragmentos de rochas vulcânicas, cascalho e restos de organismos marinhos. Esse fenômeno ocorre em três etapas:

  • Acúmulo de plástico em áreas costeiras ou marinhas.
  • Concentração do material em locais específicos, como praias ou restingas.
  • Exposição ao calor, que pode ser natural ou provocado por fogueiras, derretendo o plástico e integrando-o aos sedimentos.

O resultado são formações sólidas semelhantes a rochas convencionais, que passam a participar da dinâmica natural da praia, mas são produto direto da atividade humana.

Consequências ambientais

As rochas híbridas foram encontradas próximas a áreas de reprodução de tartarugas-verdes (Chelonia mydas), levantando preocupações sobre impactos na fauna marinha. Entre os principais riscos estão:

  • Ingestão acidental por animais, confundindo plástico com alimento.
  • Dispersão de microplásticos, que contaminam água e organismos ao longo da cadeia alimentar.
  • Alterações nos processos naturais de sedimentação, impactando a geologia costeira.

Embora registros semelhantes existam em Havaí, Japão, Inglaterra, Itália, Portugal e Peru, o Brasil se destaca pela quantidade de rochas plásticas detectadas, mostrando que o plástico está se espalhando de forma significativa.

O achado reforça a urgência de monitoramento ambiental contínuo e estudos sobre o impacto do plástico em ecossistemas marinhos e geológicos. As rochas híbridas representam uma nova fonte de microplásticos, aumentando a complexidade dos efeitos da poluição sobre biodiversidade, solos e ciclos naturais.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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