Por que os japoneses vivem tanto? Este alimento pode explicar

Tubérculo roxo pode favorecer envelhecimento saudável. (Foto: Aflo via Canva)
Tubérculo roxo pode favorecer envelhecimento saudável. (Foto: Aflo via Canva)

O sul do Japão abriga um dos lugares mais estudados do mundo quando o assunto é viver mais e melhor. Em Okinawa, onde a expectativa de vida ultrapassa consistentemente a média global, os moradores seguem um padrão alimentar que intriga especialistas em nutrição e envelhecimento. Entre os elementos que mais se destacam está o beni imo, a batata-doce roxa, que se tornou símbolo da longevidade local.

Por que o tubérculo roxo ganhou protagonismo em Okinawa?

Embora pareça apenas um alimento comum para quem não conhece a cultura japonesa, o beni imo exerce um papel estratégico na rotina alimentar dos moradores da ilha. Ele é consumido com regularidade e representa uma das principais fontes de energia local. Sua coloração intensa revela a presença de compostos antioxidantes que ajudam a reduzir inflamações e contribuem para a manutenção da saúde ao longo dos anos.

Além disso, o tubérculo oferece uma combinação interessante de nutrientes: alto teor de fibras que favorecem o funcionamento intestinal, vitaminas A e C que reforçam o sistema imunológico, e pequenas quantidades de proteína. Por isso, funciona como alimento versátil, presente tanto em preparações doces quanto salgadas.

O padrão alimentar que desafia dietas populares

Batata-doce roxa é base da dieta dos centenários japoneses. (Foto: Getty Images via Canva)
Batata-doce roxa é base da dieta dos centenários japoneses. (Foto: Getty Images via Canva)

O estilo de vida de Okinawa se consolidou como um dos mais equilibrados do planeta. A região está entre as chamadas Zonas Azuis, áreas onde existe uma alta concentração de centenários. Um dos elementos que mais chama a atenção é a proporção aproximada de dez partes de carboidratos para uma de proteína na alimentação diária, um padrão bastante distinto de dietas contemporâneas que incentivam o consumo elevado de proteína.

É aí que o beni imo se torna ainda mais central: substitui alimentos densos em calorias e, ao mesmo tempo, fornece energia sustentável. Outros itens tradicionais reforçam esse modelo alimentar:

  • Soja, presente em diversas preparações;
  • Legumes, que trazem fibras e micronutrientes;
  • Verduras, oferecendo saciedade e suporte nutricional.

Evidência científica que sustenta a longevidade

A ligação entre a dieta de Okinawa e o envelhecimento saudável não está apenas no folclore local. Um estudo de revisão intitulado “Restrição Calórica, Mímicos de RC e Envelhecimento Saudável”, de Bradley J Wilcox et al. , publicado na revista Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care, destaca o papel central da batata-doce roxa no padrão alimentar okinawense. 

Segundo os autores, o beni imo contém espóramina, uma proteína com atividade antioxidante, além de compostos fenólicos como as anthocianinas, que protegem contra o estresse oxidativo, um dos fatores biológicos mais fortemente ligados ao envelhecimento. 

Esse tipo de dieta, com baixa densidade calórica e rica em tubérculos e vegetais, pode ativar mecanismos fisiológicos semelhantes aos provocados pela restrição calórica, contribuindo para uma longevidade saudável.

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Como o hábito alimentar influencia décadas de vida

O padrão nutricional de Okinawa não só promove a saúde física, mas também reforça a resiliência contra doenças crônicas. A combinação entre alimentos naturais, porções moderadas e componentes bioativos, como os antioxidantes do beni imo, ajuda a proteger o organismo contra condições metabólicas, cardiovasculares e inflamatórias. Com o tempo, esse estilo de vida reduz o risco de fragilidade e mantém a funcionalidade mesmo na terceira idade.

Embora nenhum alimento isolado seja uma “fórmula da longevidade”, o exemplo de Okinawa demonstra que escolhas simples, mantidas por décadas, podem transformar a saúde de uma população inteira. 

Assim, incorporar raízes naturais, vegetais e alimentos ricos em antioxidantes na rotina é uma estratégia valiosa para quem busca envelhecer com qualidade.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.