Vivemos em uma era em que a atenção se tornou um dos recursos mais valiosos. A todo momento, somos convidados a olhar notificações, assistir vídeos curtos ou percorrer infinitamente o feed das redes sociais.
Porém, ainda que as telas façam parte da rotina de trabalho, estudo e lazer, o uso excessivo pode trazer impactos importantes para o corpo e para o cérebro.
Por que é tão difícil “desligar”?
As redes sociais e aplicativos são desenvolvidos para estimular áreas cerebrais relacionadas à recompensa, especialmente o núcleo accumbens, estrutura envolvida na liberação de dopamina. Esse neurotransmissor não está ligado apenas ao prazer, mas principalmente ao desejo.
Em outras palavras: cada rolagem de feed promete uma pequena chance de encontrar algo que recompense, seja uma mensagem, novidade ou conteúdo interessante. É esse “talvez agora venha algo bom” que mantém as pessoas conectadas por longos períodos.
Com o tempo, porém, o cérebro se acostuma ao estímulo constante, exigindo exposições mais longas para sentir o mesmo nível de satisfação. Daí surgem comportamentos como:
- Checar o celular automaticamente
- Dificuldade de focar em tarefas longas
- Sensação de inquietação quando se está offline
Quanto tempo estamos passando nas telas?

Pesquisas recentes mostram que o brasileiro passa mais de nove horas por dia diante de telas, entre celular, televisão e computador. Cerca de quatro horas desse tempo vão diretamente para as redes sociais.
Não por acaso, muitas pessoas relatam:
- Ansiedade
- Cansaço mental
- Sensação de culpa após longos períodos online
- Dificuldade de concentração
- Redução do interesse por atividades fora do digital
Essa dinâmica contribui para um ciclo de sedentarismo, piora do sono e queda da qualidade de vida.
O papel da inteligência artificial nessa história
Com a expansão da IA generativa, outra mudança vem acontecendo: a tendência de delegar tarefas de raciocínio para ferramentas automáticas. Estudos indicam que, quando deixamos a máquina pensar por nós, o cérebro engaja menos e forma menos conexões neurais.
Isso pode favorecer uma mente mais dependente, distraída e menos treinada para o esforço cognitivo.
Caminhos para um uso mais saudável
Não se trata de abandonar o digital, mas de reaprender a equilibrar. Algumas estratégias incluem:
- Definir horários claros para uso do celular
- Silenciar notificações não essenciais
- Criar momentos diários sem telas
- Praticar atividades que envolvam corpo e presença, como caminhada, esportes ou hobbies manuais
- Priorizar interações presenciais, que fortalecem vínculos e reduzem estresse
Conecte-se mais com o que é real
O convite é simples: direcionar atenção para aquilo que nutre e revigora. Conversas olho no olho, contato com a natureza, leitura calma, descanso de qualidade, esses são estímulos que ajudam o cérebro a recuperar o foco e o equilíbrio.
A questão não é excluir as telas, mas retomar o controle sobre elas.


 
							 
							 
							