As alergias estão entre os problemas mais frequentes na rotina veterinária. Coceira persistente, vermelhidão na pele, otite recorrente e lambedura compulsiva são apenas alguns dos sinais que indicam que algo no ambiente, na alimentação ou até no próprio organismo está ativando o sistema imunológico do cão de forma exagerada.
A ciência vem avançando rapidamente nesse tema e já é possível identificar os principais gatilhos que provocam alergias nos pets.
Alergias ambientais
Os alérgenos ambientais são, hoje, uma das causas mais prevalentes de dermatite alérgica em cães. Eles incluem:
- Ácaros de poeira doméstica
- Pólens de árvores, gramas e ervas
- Fungos e mofo
- Partículas dispersas no ar
Quando inalados ou em contato com a pele, esses elementos ativam o sistema imunológico, desencadeando inflamação cutânea e coceira intensa.
Um estudo robusto publicado em 2023, conduzido por Yoon-Seok Jang, analisou 2.663 cães com suspeita de dermatite alérgica usando o teste MAST para 130 alérgenos diferentes.
O estudo “Prevalence of Allergen-Specific IgE Positivity and Serum Immunoglobulin E Concentrations of Allergens in Dogs with Suspected Allergic Dermatitis Using the Multiple Allergen Simultaneous Test” confirmou que os alérgenos ambientais estão entre os principais desencadeadores de alergias caninas, identificando alta positividade de IgE específica para ácaros, pólens e fungos. Essa investigação reforça que o ambiente doméstico e externo desempenha papel direto no surgimento das alergias.
Alergias alimentares
Ao contrário do que muitos tutores pensam, alergias alimentares não estão ligadas a “alimentos industrializados”, mas sim a proteínas específicas que o cão já consumiu repetidamente ao longo da vida.
Os principais causadores são:
- Frango
- Carne bovina
- Laticínios
- Trigo
- Ovos
- Soja
Quando o organismo do cão identifica uma proteína como “invasora”, inicia uma resposta inflamatória que pode causar coceira generalizada, otites repetidas, diarreia ou vômito.
O estudo liderado por Yoon-Seok Jang também encontrou sensibilização por IgE a proteínas alimentares, reforçando que a alergia alimentar deve ser considerada em quadros dermatológicos persistentes.
Dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP)
Entre todos os tipos de alergia, a DAPP continua sendo uma das mais intensas. Basta uma única picada para provocar:
- Coceira severa
- Feridas no dorso
- Perda de pelo
- Infecções bacterianas secundárias
A saliva da pulga contém dezenas de proteínas capazes de disparar respostas imunológicas fortes, e por isso cães alérgicos a pulgas sofrem de forma desproporcional.
Entender os gatilhos é importante
As alergias são cumulativas e progressivas. Quanto mais tempo o cão fica exposto ao alérgeno, maior o risco de desenvolver:
- dermatite crônica
- infecções recorrentes
- espessamento da pele
- lesões dolorosas e resistente tratamento
Identificar o causador, seja ambiental, alimentar ou parasitário, permite escolher o tratamento correto e evitar anos de sofrimento para o pet.
