Você já acordou cansado, mesmo após uma longa noite de sono? Esse pode ser um sinal de apneia obstrutiva do sono, uma condição que vai muito além do simples ronco.
De acordo com um novo estudo publicado na revista científica JAMA Network Open, não tratar o distúrbio pode ter consequências sérias para o cérebro, incluindo maior risco de microhemorragias cerebrais, alterações associadas ao envelhecimento precoce e à demência.
O que acontece no cérebro de quem tem apneia do sono
A apneia obstrutiva do sono ocorre quando os músculos da garganta relaxam e bloqueiam parcialmente as vias aéreas, interrompendo a respiração diversas vezes durante a noite. Essa interrupção provoca quedas repetidas nos níveis de oxigênio, o que afeta diretamente a saúde cerebral e cardiovascular.
Segundo o estudo, pacientes com apneia moderada a grave apresentaram maior incidência de microhemorragias, pequenos sangramentos nos vasos do cérebro que podem comprometer as funções cognitivas com o passar do tempo. Esses eventos estão relacionados ao declínio cognitivo e a doenças como o Alzheimer.
Como o sono ruim acelera o envelhecimento cerebral

Dormir mal não significa apenas estar cansado no dia seguinte. A privação crônica de sono altera processos fundamentais do cérebro, como a eliminação de resíduos metabólicos e a regeneração neuronal. Quando a respiração é interrompida repetidamente, o corpo entra em estado de estresse, liberando hormônios inflamatórios e prejudicando a oxigenação do tecido cerebral.
Esse desequilíbrio, somado às microhemorragias, pode acelerar o envelhecimento cerebral e aumentar o risco de demência precoce.
Sinais de alerta que exigem atenção
Identificar a apneia do sono nem sempre é simples, já que os episódios ocorrem durante o sono. No entanto, há sintomas comuns que servem de alerta:
- Ronco alto e frequente
- Pausas na respiração observadas por outra pessoa
- Sonolência diurna e irritabilidade
- Dificuldade de concentração e memória
- Dores de cabeça matinais
- Suores noturnos e engasgos durante o sono
Se esses sinais são recorrentes, é essencial procurar um médico para realizar exames e confirmar o diagnóstico.
Tratamento e prevenção: dormir bem é proteger o cérebro
A boa notícia é que a apneia tem tratamento. O uso do CPAP, um aparelho que mantém as vias aéreas abertas durante o sono, é considerado um dos métodos mais eficazes. Também há alternativas como dispositivos orais, mudanças no estilo de vida, controle do peso corporal e, em alguns casos, cirurgias corretivas.
Embora o estudo seja observacional, ou seja, não comprove causa e efeito diretos, suas conclusões reforçam a importância de tratar a apneia do sono de forma precoce. Cuidar da qualidade do sono é, em última análise, uma forma de proteger o cérebro contra o envelhecimento e a perda cognitiva.

