Pesquisadores descobrem mutação da obesidade que reduz risco de doenças cardíacas

Gene da obesidade surpreende e protege o coração. (Foto: Africa Images via Canva)
Gene da obesidade surpreende e protege o coração. (Foto: Africa Images via Canva)

Pesquisadores identificaram que algumas mutações no gene MC4R, tradicionalmente associadas à obesidade, podem oferecer proteção contra doenças cardiovasculares. O MC4R desempenha papel fundamental no controle do apetite, metabolismo energético e equilíbrio corporal, sendo uma das principais causas genéticas do excesso de peso desde a infância.

Embora essas mutações favoreçam o acúmulo de gordura, estudos sugerem que elas também influenciam a forma como o organismo processa lipídios no sangue, reduzindo níveis de colesterol LDL e a incidência de infartos e outras condições cardíacas.

Pesquisas e evidências

Estudo revela proteção cardíaca mesmo com excesso de peso. (Foto: Alemedia.id via Canva
Estudo revela proteção cardíaca mesmo com excesso de peso. (Foto: Alemedia.id via Canva)

Os cientistas analisaram dados genéticos e clínicos de milhares de participantes em biobancos internacionais, comparando indivíduos com variantes funcionais do MC4R e pessoas com a forma “normal” do gene. Entre os achados principais:

  • Portadores de determinadas variantes exibiam menor colesterol ruim mesmo com IMC elevado;
  • Redução na ocorrência de doenças cardiovasculares;
  • Evidência de alterações no metabolismo energético, sugerindo um efeito protetor independente do peso corporal.

Esses resultados indicam que o risco cardiovascular não depende apenas do peso, mas também de fatores genéticos e metabólicos específicos.

Obesidade não é inofensiva

Apesar da proteção cardíaca observada, a obesidade continua associada a riscos aumentados de:

  • Diabetes tipo 2;
  • Distúrbios hormonais;
  • Acúmulo excessivo de gordura corporal.

Portanto, mesmo indivíduos com variantes do MC4R devem manter hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e atividade física regular.

Implicações para tratamentos futuros

Compreender como o MC4R influencia o metabolismo e o sistema cardiovascular abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos que mimetizem esses efeitos benéficos, sem provocar ganho de peso. No entanto, os especialistas ressaltam que essas conclusões ainda são iniciais e precisam ser confirmadas por novos ensaios clínicos.

Este estudo reforça a ideia de que a obesidade envolve uma complexa interação entre genes, metabolismo e fatores ambientais, e que a abordagem clínica deve considerar a individualidade genética de cada paciente.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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