Após o impacto da pandemia de Covid-19, a expectativa de vida global voltou a subir e atingiu novamente os níveis observados antes de 2020. De acordo com um levantamento publicado na revista The Lancet pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME), da Universidade de Washington, a média de vida mundial em 2023 foi de 76,3 anos para mulheres e 71,5 anos para homens.
A pesquisa analisou dados de 204 países e territórios e revelou não apenas o avanço na longevidade, mas também novos desafios de saúde pública que estão surgindo em diferentes faixas etárias.
Longevidade em alta, mas com desigualdades persistentes

Desde 1950, a humanidade conquistou um ganho médio de 20 anos na expectativa de vida, reflexo de melhorias no saneamento, na vacinação e no controle de doenças infecciosas. Contudo, as disparidades regionais continuam marcantes: em regiões de alta renda, a média chega a 83 anos, enquanto na África Subsaariana permanece em torno de 62 anos.
Além das diferenças econômicas, fatores ambientais e comportamentais seguem influenciando fortemente a saúde global. O estudo destaca que metade da carga mundial de doenças é evitável, sendo impulsionada por fatores de risco modificáveis, como:
- Pressão arterial elevada
- Tabagismo
- Colesterol alto
- Diabetes e obesidade
- Poluição do ar e exposição ao chumbo
Doenças crônicas lideram as causas de morte
As doenças não transmissíveis agora respondem por cerca de dois terços das mortes no mundo, superando as infecções. As principais causas incluem doenças cardíacas, AVC, diabetes, Alzheimer e doenças renais crônicas. Em contrapartida, houve queda expressiva nas mortes por sarampo, tuberculose e doenças diarreicas, que antes eram grandes responsáveis pela mortalidade infantil.
O envelhecimento populacional acelerado e o aumento de fatores de risco como o índice de massa corporal elevado e o nível de açúcar no sangue estão moldando uma nova realidade para os sistemas de saúde. Entre 2010 e 2023, a carga global de doenças associada à obesidade cresceu 11%.
Jovens adultos enfrentam nova crise de mortalidade
Apesar dos avanços, o estudo aponta uma tendência preocupante entre adolescentes e jovens adultos. Nos últimos anos, cresceram as taxas de morte na faixa de 20 a 39 anos, especialmente em países de alta renda da América do Norte, associadas a suicídios, overdose de drogas e consumo excessivo de álcool.
Em regiões de baixa renda, como a África Subsaariana, o aumento está relacionado a doenças infecciosas e acidentes não intencionais. A pesquisa reforça a necessidade de novas políticas públicas voltadas à juventude, além de estratégias globais para reduzir desigualdades e ampliar o acesso a cuidados básicos.