A infertilidade feminina é tradicionalmente associada ao envelhecimento dos óvulos, mas novas pesquisas revelam que o ecossistema ao redor dos ovários desempenha papel fundamental na saúde reprodutiva.
Um estudo recente conduzido pela Universidade da Califórnia e pelo Chan Zuckerberg Biohub investigou não apenas os óvulos, mas também as células de suporte, nervos e tecidos conjuntivos, oferecendo insights inovadores para o futuro da fertilidade.
Um olhar mais amplo sobre o envelhecimento ovariano

- Os ovários não são compostos apenas por óvulos; eles contêm células de suporte, nervos e tecido conjuntivo que influenciam diretamente a maturação dos gametas.
- Com o envelhecimento, essas estruturas passam por alterações que podem acelerar a diminuição da fertilidade, além do desgaste natural dos óvulos.
- Estudos em camundongos e humanos mostraram que os óvulos se organizam em bolsões foliculares cercadas por espaços vazios, e a densidade de gametas dentro dessas áreas diminui com a idade.
Novas descobertas celulares
Os pesquisadores identificaram 11 tipos de células principais nos ovários, incluindo células gliais ligadas aos nervos, tradicionalmente estudadas no cérebro. Além disso, os nervos simpáticos, responsáveis pela resposta de “luta ou fuga”, formam redes densas no órgão, que se tornam mais complexas com o envelhecimento.
Essas descobertas sugerem que o sistema nervoso participa da regulação de quando os óvulos começam a crescer, destacando um papel até então subestimado na fertilidade.
Implicações para terapias futuras
- O conhecimento do ecossistema ovariano abre caminho para intervenções personalizadas na reprodução assistida, como ajustes finos na estimulação ovariana de acordo com o perfil celular e neural de cada paciente.
- Pesquisas em andamento investigam medicamentos capazes de modular o envelhecimento ovariano, com potencial de impactar tanto a fertilidade quanto doenças comuns após a menopausa, como as cardiovasculares.
Importância do estudo para saúde feminina
- O mapeamento detalhado do ovário cria um roteiro temporal do envelhecimento ovariano, útil não apenas para tratamentos de fertilidade, mas também para compreender a saúde da mulher a longo prazo.
- Alterações em fibroblastos e outros tecidos de suporte mostram que a inflamação e cicatrizes nos ovários podem aparecer anos antes de outros órgãos, reforçando a ideia de que a fertilidade depende de um ecossistema completo.
Embora essas descobertas ainda estejam no campo experimental, elas oferecem esperança para futuras estratégias combinadas de tratamento da infertilidade, indo além do foco exclusivo nos óvulos e considerando o papel integral de células, nervos e tecidos ovarianos.

