A dieta cetogênica tornou-se popular como estratégia para emagrecimento rápido e controle de condições metabólicas. No entanto, um estudo recente da University of Utah Health, publicado na Science Advances por Molly Gallop e Amandine Chaix, alerta para os impactos negativos da adesão prolongada a esse padrão alimentar.
Pesquisas com camundongos mostram que reduzir drasticamente carboidratos e aumentar gorduras pode comprometer a função hepática e a regulação da glicose, mesmo quando o peso corporal se mantém estável.
Cetose e metabolismo: como a dieta funciona
A dieta cetogênica atua reduzindo drasticamente a ingestão de carboidratos, o que força o corpo a buscar fontes alternativas de energia. Nessa condição, o fígado produz corpos cetônicos, que servem como combustível para o cérebro. Esse mecanismo é especialmente útil em duas situações:
- Controle da diabetes tipo 2: A baixa ingestão de carboidratos ajuda a manter níveis de glicose no sangue mais estáveis e reduz a demanda de insulina, permitindo que o organismo utilize gordura como fonte principal de energia.
- Tratamento da epilepsia: Nos pacientes com crises epilépticas, os corpos cetônicos modulam a atividade elétrica do cérebro, estabilizando os neurônios e reduzindo a frequência e intensidade das crises.
Portanto, a cetose é o ponto central da dieta, oferecendo benefícios terapêuticos claros no manejo da glicemia e na redução de crises convulsivas, embora os efeitos a longo prazo sobre metabolismo e fígado, como mostrou o estudo da University of Utah Health, ainda exijam cautela.
- Objetivo: usar gordura como principal fonte de energia
- Efeito curto prazo: perda de peso e redução de glicose
- Efeito longo prazo: impactos negativos na função metabólica e hepática
Experimento científico e principais descobertas

Os pesquisadores acompanharam camundongos por nove meses, comparando quatro padrões alimentares:
- Dieta cetogênica tradicional (alta gordura, baixos carboidratos)
- Dieta ocidental rica em gordura
- Dieta rica em carboidratos e baixa em gordura
- Dieta com baixo teor de gordura e proteína equivalente
Os resultados mostraram:
- Peso corporal controlado em animais da dieta cetogênica
- Acúmulo de gordura no fígado em machos (esteatose hepática)
- Disfunção na regulação de glicose, com resposta pancreática inadequada
- Diferenças entre sexos, sendo os machos mais afetados
Consequências metabólicas a longo prazo
Apesar de manterem o peso, os camundongos desenvolveram complicações metabólicas significativas:
- Esteatose hepática e sinais de estresse nas células do fígado
- Níveis instáveis de glicose e insulina após ingestão de carboidratos
- Alterações genéticas nas células pancreáticas relacionadas à produção de insulina
Esses efeitos sugerem que o benefício da perda de peso rápido não garante saúde metabólica e que a dieta pode gerar risco para doenças hepáticas e desregulação glicêmica.
Os achados indicam que dietas cetogênicas prolongadas podem ser prejudiciais, especialmente em machos, mas que alguns efeitos podem ser reversíveis ao retornar a um padrão alimentar balanceado.
Para quem considera essa abordagem, é essencial:
- Consultar profissionais de saúde antes de iniciar
- Monitorar função hepática e níveis de glicose
- Adotar dietas equilibradas com carboidratos saudáveis e gorduras de qualidade
A pesquisa reforça que perda de peso rápida não deve se sobrepor à saúde metabólica a longo prazo.

