Imagine encontrar uma espécie que ninguém jamais havia registrado e descobrir que ela já corre risco de desaparecer. Esse é o caso do orangotango-de-Tapanuli (Pongo tapanuliensis), identificado em 2017 e considerado o grande primata mais raro do planeta. A espécie está restrita a um território extremamente limitado nas florestas montanhosas do Ecossistema Batang Toru, na Indonésia, onde enfrenta uma série de ameaças à sua sobrevivência.
Atualmente, acredita-se que restem menos de 800 indivíduos vivendo em liberdade, confinados ao Ecossistema Batang Toru, uma região montanhosa e úmida no norte da Ilha de Sumatra, na Indonésia. Essa pequena faixa de floresta é o último reduto da espécie, cuja sobrevivência está gravemente comprometida pelo avanço humano e pela perda contínua de habitat.
Um retrato da crise ambiental global
Estudos apontam que, entre 1985 e 2007, o território do orangotango-de-Tapanuli encolheu em cerca de 60%, e o ritmo de destruição não desacelera. O principal inimigo é o desmatamento, impulsionado por diversos fatores:
- Expansão agrícola e plantações industriais, especialmente de palma e borracha;
- Construção de hidrelétricas e mineração dentro de áreas florestais protegidas;
- Caça ilegal e tráfico de filhotes, que enfraquecem ainda mais as populações locais.

Essas ameaças combinadas fragmentam o habitat e isolam pequenos grupos, dificultando a reprodução e reduzindo a variabilidade genética essencial à sobrevivência da espécie.
Um alerta para o futuro da biodiversidade
A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica o orangotango-de-Tapanuli como “Criticamente Ameaçado”, o nível mais alto antes da extinção na natureza. Mesmo após quase uma década desde sua descoberta, as medidas de proteção continuam insuficientes diante da pressão econômica e da falta de políticas ambientais efetivas.
Conservar o orangotango-de-Tapanuli significa proteger um ecossistema inteiro, que abriga centenas de espécies únicas. Além disso, o primata é considerado um indicador ecológico, ou seja, sua presença reflete a saúde de todo o ambiente ao redor.
Mais do que um caso isolado, o declínio desse orangotango simboliza um dilema global: a corrida entre o desenvolvimento humano e a preservação das espécies. Se nada mudar, o mais novo grande primata da Terra poderá desaparecer antes mesmo de ser plenamente estudado.