ONU alerta: emissões vão cair, mas humanidade ainda está longe da meta climática

ONU prevê queda nas emissões, mas alerta: ritmo ainda é insuficiente (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
ONU prevê queda nas emissões, mas alerta: ritmo ainda é insuficiente (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) traz um misto de esperança e alerta. Pela primeira vez desde o início da era industrial, o mundo deve ver uma redução real das emissões de gases de efeito estufa até 2030. Contudo, essa conquista histórica ainda não será suficiente para limitar o aquecimento global a 1,5°C, como prevê o Acordo de Paris.

Dez anos após a adoção do acordo, o relatório afirma que entramos em uma nova fase de ação climática, com mais países adotando metas abrangentes e estratégias de mitigação. Entretanto, a velocidade e a justiça na transição energética continuam sendo desafios centrais.

Avanços reais, mas ainda lentos

O estudo mostra sinais claros de progresso global:

  • 88% dos países ampliaram suas metas com base no Balanço Global (GST);
  • 89% estabeleceram objetivos que envolvem todos os setores da economia;
  • 73% incluíram adaptação e resiliência em seus planos;
  • Pequenos Estados insulares colocaram perdas e danos climáticos no centro das suas políticas.

Além disso, houve avanços em questões de gênero, justiça social e transição justa, fortalecendo o componente humano da agenda climática.

Energia limpa cresce, mas desigualdade freia o progresso

Energia limpa avança, mas desigualdade ameaça a transição climática (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Energia limpa avança, mas desigualdade ameaça a transição climática (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Mesmo com avanços concretos, o relatório reforça que a transição energética ainda é desigual. Países que menos contribuíram para o aquecimento global continuam sendo os mais afetados por seus impactos.

Ainda assim, os benefícios já são visíveis: milhões de novos empregos foram criados e trilhões de dólares estão sendo investidos em tecnologias verdes. Em 2025, a energia renovável superará o carvão como principal fonte global, um marco na corrida pela descarbonização.

COP30 será palco de uma virada decisiva

A COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém do Pará, é vista pela ONU como um ponto de inflexão. O encontro deve consolidar a cooperação entre países e definir os próximos passos da política climática mundial.

COP30 em Belém deve marcar nova fase na luta contra o aquecimento global (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
COP30 em Belém deve marcar nova fase na luta contra o aquecimento global (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Três eixos principais foram destacados:

  1. Reforçar o compromisso global com a cooperação climática;
  2. Acelerar a implementação das metas em todos os setores produtivos;
  3. Garantir que os benefícios da transição sejam compartilhados de forma equitativa.

Belém, no coração da Amazônia, simboliza o elo entre justiça climática, biodiversidade e sustentabilidade, temas centrais para o futuro das negociações internacionais.

Um planeta em transição

O relatório conclui que o planeta está curvando a curva das emissões para baixo, mas o tempo é curto. A humanidade está diante de uma janela crítica de ação, em que cada decisão determinará se conseguiremos manter a Terra habitável nas próximas décadas.

A COP30, portanto, não será apenas mais uma conferência: ela poderá definir o rumo da economia verde global e o destino das futuras gerações.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.