Objeto interestelar 3I/ATLAS é detectado mesmo “invisível” atrás do Sol

Cometa 3I/ATLAS é detectado mesmo escondido pelo brilho do Sol (Imagem: Gerada por IA/ Canva Pro)
Cometa 3I/ATLAS é detectado mesmo escondido pelo brilho do Sol (Imagem: Gerada por IA/ Canva Pro)

Durante o mês de outubro, um raro visitante interestelar passou “disfarçado” no brilho intenso do Sol, tornando-se praticamente invisível para telescópios terrestres. Trata-se do 3I/ATLAS, o terceiro objeto conhecido vindo de fora do Sistema Solar, que agora segue em direção ao periélio, o ponto mais próximo da estrela.

Apesar da dificuldade em observá-lo, o cometa foi detectado por um astrônomo amador, utilizando dados de um satélite norte-americano em órbita. A descoberta chamou a atenção por ter ocorrido em um momento em que o astro estava completamente oculto pelo Sol, um feito notável para a astronomia observacional.

Principais informações sobre o 3I/ATLAS:

  • É o terceiro visitante interestelar já registrado, após o ‘Oumuamua (2017) e o 2I/Borisov (2019);
  • Foi descoberto em 1º de julho de 2025;
  • Possui órbita hiperbólica, o que indica origem fora do Sistema Solar;
  • Desenvolveu uma anticauda, estrutura típica de cometas em alta atividade;
  • Deverá deixar o Sistema Solar em março de 2026, rumo ao espaço interestelar.

Como o cometa foi visto atrás do Sol

Visitante interestelar passa próximo do Sol antes de seguir ao espaço (Imagem: CCOR-1/GOES-19/NOAA Processamento: Worachate Boonplod)
Visitante interestelar passa próximo do Sol antes de seguir ao espaço (Imagem: CCOR-1/GOES-19/NOAA Processamento: Worachate Boonplod)

O registro foi possível graças ao coronógrafo CCOR-1, instrumento instalado no satélite GOES-19, projetado para estudar a coroa solar, a camada mais externa e brilhante do Sol. O equipamento bloqueia a luz ofuscante do disco solar, revelando objetos próximos, como cometas e ejeções de plasma.

Com esse filtro, os cientistas conseguiram visualizar o 3I/ATLAS cruzando a região solar, visível como um ponto luminoso cercado por uma tênue nuvem de gás. Essa observação é valiosa porque permite acompanhar a atividade e o brilho do cometa enquanto ele se aquece sob a intensa radiação solar.

Um visitante de passagem pelo Sistema Solar

Diferente dos cometas tradicionais, que seguem órbitas fechadas, o 3I/ATLAS viaja em trajetória aberta, vinda de outra estrela e destinada a nunca mais retornar. À medida que se aproxima do Sol, pode liberar poeira e gases voláteis, ajudando os astrônomos a estudar sua composição química e a compreender melhor como esses objetos interestelares se formam.

Nos próximos meses, o cometa continuará sendo monitorado até desaparecer no escuro do espaço, encerrando uma breve, mas fascinante, visita ao nosso Sistema Solar.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.