A exploração do espaço profundo não se limita a sondas e telescópios. Recentemente, pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, em colaboração com a NASA, desenvolveram um método inovador para identificar regiões do cosmos onde a vida alienígena inteligente poderia ser detectável. A ideia central é simples, mas poderosa: ao estudar como a própria humanidade transmite sinais ao espaço, é possível mapear locais onde civilizações extraterrestres teriam maior chance de interceptar nossas emissões.
O estudo analisou 20 anos de registros da Deep Space Network (DSN), abrangendo antenas nos Estados Unidos, Espanha e Austrália. Foram identificados padrões significativos de transmissão, que agora servem como guia para futuras buscas. Principais achados do estudo:
- A maioria das transmissões ocorre dentro de 5 graus do plano orbital da Terra;
- Durante alinhamentos Terra–Marte, a atividade chega a 77% de intensidade por cerca de nove meses ao ano;
- Uma transmissão típica da DSN poderia ser detectada a até 23 anos-luz;
- Há 128 sistemas estelares conhecidos dentro desse raio, que poderiam captar nossos sinais.
Como nossas transmissões orientam a busca por alienígenas
Tradicionalmente, a procura por vida inteligente no espaço foca em tecnomarcadores, como sinais de rádio ou pulsos de laser. A abordagem proposta pelo estudo é inversa: ao entender como a Terra envia sinais, cientistas podem determinar onde extraterrestres poderiam nos detectar. Esse “mapa de visibilidade” oferece uma rota prática para priorizar exoplanetas e sistemas estelares alinhados com nossos padrões de transmissão.
O estudo destaca que a maior concentração de sinais segue o plano orbital da Terra, coincidindo com o alinhamento da maioria dos planetas do Sistema Solar. Isso sugere que civilizações avançadas em outros sistemas também poderiam adotar estratégias semelhantes.
Potencial dos exoplanetas alinhados
Entre os destaques do estudo estão os alinhamentos com Marte, que ampliam significativamente a probabilidade de detecção de sinais humanos. O estudo também observa picos menores associados a Mercúrio, Júpiter e Saturno, reforçando que transmissões concentradas em certos planos estelares oferecem vantagens estratégicas de visibilidade.
O lançamento do telescópio espacial Nancy Grace Roman deve expandir a lista de exoplanetas em estudo, potencializando a busca por civilizações próximas e permitindo verificar a eficiência da estratégia proposta.
Embora essa abordagem não garanta contato imediato com alienígenas, ela estabelece um roteiro quantitativo para tornar a procura mais eficiente. Ao combinar tecnologia avançada, como antenas de 70 metros da DSN, com análise estratégica de transmissões humanas, os cientistas criam novos mapas do espaço potencialmente habitado, abrindo caminho para descobertas revolucionárias nos próximos anos.
