Novo estudo da NASA muda tudo que sabíamos sobre buracos negros

Galáxias pequenas podem não ter buracos negros supermassivos (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Galáxias pequenas podem não ter buracos negros supermassivos (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Um novo estudo liderado por astrônomos utilizando o Observatório de Raios X Chandra da NASA aponta que galáxias de menor massa podem não conter os esperados buracos negros supermassivos em seus núcleos. Este achado contraria a noção tradicional de que praticamente todas as galáxias hospedam essas estruturas gigantes e oferece novas pistas sobre a formação e evolução dos buracos negros.

Com base em mais de 20 anos de dados de Chandra e analisando mais de 1.600 galáxias, a pesquisa examinou desde sistemas massivos, com massas superiores a dez vezes a da Via Láctea, até galáxias anãs, que possuem frações mínimas dessa massa. Os resultados mostram que:

  • Apenas cerca de 30% das galáxias anãs apresentam indícios de buracos negros supermassivos;
  • Em galáxias mais massivas, incluindo equivalentes à Via Láctea, mais de 90% contêm buracos negros;
  • Galáxias menores frequentemente não exibem fontes de raios X centrais, sinais típicos da presença de buracos negros.

Como os buracos negros são identificados em galáxias

A detecção desses gigantes ocorre principalmente por meio de raios X, produzidos quando a matéria que cai em um buraco negro é aquecida pelo atrito, fazendo com que os centros de galáxias massivas brilhem intensamente nessa faixa. 

Estudo da NASA revela déficit de buracos negros em galáxias anãs (Imagem: Raios X: NASA/CXC/SAO/F. Zou et al.)
Estudo da NASA revela déficit de buracos negros em galáxias anãs (Imagem: Raios X: NASA/CXC/SAO/F. Zou et al.)

Em contrapartida, galáxias menores possuem quantidade reduzida de gás para alimentar buracos negros menores, tornando-os menos brilhantes e, muitas vezes, invisíveis, além de apresentarem um déficit adicional de fontes de raios X, indicando que muitas dessas galáxias simplesmente não abrigam buracos negros.

Este padrão indica que a presença de buracos negros está diretamente relacionada à massa da galáxia, com sistemas menores apresentando muito menos probabilidade de abrigar esses objetos.

Impacto nas teorias de formação e detecção futura

O estudo reforça a ideia de que buracos negros supermassivos podem se formar já com massas milhares de vezes maiores que o Sol, especialmente em galáxias mais massivas, em vez de se originarem de buracos negros menores que crescem ao longo do tempo. 

Como consequência, galáxias anãs apresentariam menos fusões de buracos negros, o que reduz as fontes de ondas gravitacionais detectáveis por projetos como a LISA, e a menor quantidade de buracos negros também implica em menos eventos de destruição estelar nessas galáxias. 

Além disso, compreender a distribuição de buracos negros auxilia no mapeamento da evolução do universo e no aprimoramento de modelos cosmológicos, redefinindo a forma como os cientistas enxergam a evolução de galáxias pequenas e abrindo novos caminhos para pesquisas em astronomia extragaláctica.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.