Nova técnica revela onde o Parkinson realmente começa no cérebro

Proteína ligada ao início do Parkinson é identificada. (Foto: Africa Images via Canva)
Proteína ligada ao início do Parkinson é identificada. (Foto: Africa Images via Canva)

Um estudo publicado na revista científica Nature Biomedical Engineering marcou um avanço inédito na compreensão do início da doença de Parkinson. Pela primeira vez, cientistas conseguiram observar o momento em que a doença é ativada dentro do tecido cerebral humano, revelando detalhes cruciais sobre como ela começa e se espalha.

Resumo da descoberta

  • Pesquisadores usaram uma técnica de imagem de alta sensibilidade para mapear proteínas cerebrais.
  • Foram analisadas amostras de cérebros com e sem Parkinson.
  • O foco do estudo foi nos oligômeros, pequenas estruturas ligadas aos corpos de Lewy.
  • Os oligômeros se mostraram maiores e mais numerosos em cérebros com a doença.
  • Uma subclasse inédita dessas proteínas apareceu apenas em pacientes de Parkinson, podendo ser o primeiro marcador visível da doença.

Como a pesquisa foi conduzida

Descoberta pode antecipar diagnóstico do Parkinson. (Foto: Getty Images via Canva)
Descoberta pode antecipar diagnóstico do Parkinson. (Foto: Getty Images via Canva)

A investigação reuniu cientistas da Universidade de Cambridge, UCL, Instituto Francis Crick e Politécnica de Montreal, que criaram uma técnica inovadora chamada ASA-PD (Advanced Detection of Aggregates for Parkinson’s Disease).

Essa tecnologia utiliza microscopia de fluorescência ultrassensível para identificar e comparar agregados proteicos em amostras de tecido cerebral post-mortem. Pela primeira vez, foi possível visualizar e quantificar os oligômeros que antecedem a formação dos corpos de Lewy, considerados o principal sinal microscópico do Parkinson.

O que são os oligômeros e por que são importantes

Os oligômeros são conjuntos reduzidos de proteínas mal dobradas que podem se agrupar e comprometer o funcionamento das células nervosas. São eles que, ao se acumularem, formam os corpos de Lewy, estruturas típicas nos cérebros de pessoas com Parkinson.

No estudo, os cientistas notaram que os oligômeros estavam presentes também em cérebros saudáveis, mas eram menores e menos concentrados. Já nos cérebros afetados pela doença, esses agrupamentos eram maiores, mais brilhantes e muito mais abundantes, sugerindo uma ligação direta com a progressão do Parkinson.

Além disso, foi identificada uma nova subclasse de oligômeros exclusiva de amostras doentes, um achado que pode indicar o início silencioso da doença anos antes dos sintomas motores surgirem.

Por que essa descoberta é um divisor de águas

Com essa nova abordagem, os pesquisadores conseguiram mapear com precisão as alterações proteicas que marcam o começo do Parkinson. Isso abre caminho para:

  • Detectar a doença mais cedo, antes de surgirem tremores e rigidez muscular;
  • Desenvolver terapias preventivas, voltadas à interrupção do processo de agregação proteica;
  • Aplicar o mesmo método no estudo de outras doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Huntington.

Essa técnica representa um avanço decisivo para entender onde e quando o Parkinson começa, um passo essencial para combater os danos cerebrais progressivos causados pela doença.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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