Sentir o coração acelerar ou as mãos suarem ao pegar o volante não é apenas nervosismo: é uma resposta cerebral complexa chamada amaxofobia, o medo de dirigir. Pesquisadores apontam que essa reação pode ter origem em traumas passados, experiências negativas no trânsito ou bloqueios emocionais inconscientes.
De acordo com o neurocientista Joseph LeDoux, da New York University, em artigo publicado na PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences, 2014), a amígdala cerebral, estrutura ligada às emoções, é ativada em situações de medo, enviando sinais que despertam a resposta de “luta ou fuga”. É esse circuito que faz o corpo reagir como se o carro fosse um perigo real.
Hormônios do medo: o papel da adrenalina e do cortisol
Durante a crise de medo, o cérebro libera adrenalina e cortisol, hormônios que aumentam os batimentos cardíacos e a tensão muscular. Segundo o pesquisador Bruce McEwen, em estudo publicado na Physiological Reviews (2007), essa resposta fisiológica é natural, mas pode se tornar disfuncional quando o cérebro associa o volante a um risco permanente.
Esse excesso de ativação explica sintomas como tremores, suor, taquicardia e bloqueio mental, comuns em pessoas que sofrem com a amaxofobia.
Terapia e reeducação emocional: caminhos comprovados

A boa notícia é que o medo pode ser revertido. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes, conforme o psicólogo Lars-Göran Öst demonstrou na revista Behaviour Research and Therapy (2012).
A técnica usa exposição gradual ao volante, reestruturação de pensamentos automáticos e treinos de relaxamento para reduzir a ansiedade.
Em alguns centros especializados, o tratamento é complementado com simulações realistas de direção e apoio psicológico contínuo, o que acelera a readaptação do cérebro a experiências seguras de condução.
Mindfulness e respiração
Além da terapia, técnicas de mindfulness e respiração controlada também mostram resultados positivos. Pesquisas da Frontiers in Human Neuroscience (2018) indicam que a prática regular reduz a atividade da amígdala e melhora a regulação emocional, tornando o cérebro menos reativo diante do medo.
Essas técnicas ajudam o motorista a retomar o controle cognitivo e corporal, substituindo o impulso de evitar o carro pela sensação de segurança e domínio.
Superar é reprogramar o cérebro
Com treino adequado e acompanhamento, o cérebro pode “reaprender” a dirigir sem medo. A plasticidade neural, capacidade do cérebro de criar novas conexões, permite transformar a experiência traumática em uma ação automática e segura.
Superar a amaxofobia, portanto, não é apenas uma questão emocional, mas um processo neurológico real, comprovado pela ciência.


 
							 
							 
							