A descoberta de um mamífero pré-histórico gigante, semelhante a um gambá e desconhecido até agora, está ajudando a reescrever capítulos importantes da evolução após a extinção dos dinossauros.
O achado, realizado no Parque Nacional Big Bend, no Texas, trouxe à tona fósseis de um animal que viveu há aproximadamente 60 milhões de anos, revelando uma espécie surpreendentemente grande para o período Paleoceno. Os resultados foram descritos no Journal of Vertebrate Paleontology no estudo Swaindelphys solastella, liderado por Saurabh S. Thosar e pela equipe de pesquisadores.
Uma espécie que contraria expectativas históricas
Os fósseis pertencem ao grupo dos Swaindelphys, antigos quase-marsupiais que habitaram a América do Norte após o evento de extinção do fim do Cretáceo. No entanto, análises mais detalhadas mostraram que a nova espécie, chamada Swaindelphys solastella, possui dimensões muito maiores do que qualquer parente conhecido do grupo.
Embora fosse do tamanho aproximado de um ouriço moderno (15 a 30 cm de comprimento), esse porte é considerado excepcional dentro do registro fóssil do período.
Além disso, o estudo aponta que os fósseis são os maiores metatérios identificados no Paleoceno do continente, representando também os espécimes mais jovens e mais ao sul entre todos os encontrados até hoje.
Diferentemente dos mamíferos placentários, os metatérios apresentavam um desenvolvimento pós-natal prolongado, com filhotes que completavam parte do crescimento fora do útero. Esse grupo inclui tanto os marsupiais atuais quanto linhagens fósseis sem equivalentes vivos, tornando-os peças-chave para compreender a transição evolutiva que moldou a diversidade de mamíferos após o fim do Cretáceo.
A identificação dessa espécie gigante no Texas amplia o entendimento sobre como esses animais se distribuíram e evoluíram no continente.
Reinterpretação evolutiva a partir do Big Bend
Inicialmente, os pesquisadores acreditavam que os restos ósseos pudessem pertencer a linhagens de mamíferos do Cretáceo que teriam sobrevivido ao evento de extinção. Contudo, análises comparativas conduzidas com centenas de registros de marsupiais e mamíferos relacionados demonstraram que se tratava de uma nova espécie adaptada às condições do Paleoceno.
Essa reinterpretação reforça a importância da região de Big Bend para a paleontologia de mamíferos, especialmente porque a área apresenta condições ideais para preservar espécies pequenas e raras, difíceis de identificar.
Diferenças marcantes entre o sul e o norte da América do Norte
Outro ponto de destaque é a comparação entre os fósseis de Big Bend e os registros clássicos da Bacia de Bighorn, em regiões mais ao norte, como Wyoming e Alberta. As descobertas revelam contrastes significativos no tipo de fauna encontrada, sugerindo que o sul do continente possuía ecossistemas únicos durante o Paleoceno.
Essa diferença pode indicar que correntes fluviais, altitude e clima tiveram papel essencial na diversificação dos mamíferos, criando nichos ecológicos distintos e favorecendo linhagens pouco comuns.
Próximos passo da pesquisa
Novas expedições estão sendo planejadas para explorar áreas próximas ao local da descoberta, com o objetivo de compreender melhor a ecologia e a evolução dos quase-marsupiais do Paleoceno.
A identificação da Swaindelphys solastella abre portas para novas investigações sobre a origem de linhagens que, mais tarde, desenvolveriam características semelhantes às dos primeiros primatas.
