Lua poderá ter cidades de vidro com energia solar integrada e autossuficiência

NASA planeja cidades de vidro na Lua com habitats autossuficientes. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
NASA planeja cidades de vidro na Lua com habitats autossuficientes. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A exploração lunar está entrando em uma nova fase, na qual não se trata apenas de enviar astronautas, mas de criar habitats sustentáveis capazes de suportar a vida humana por longos períodos. Um projeto inovador da NASA, em parceria com a Skyeports, propõe construir cúpulas de vidro autorreparáveis diretamente sobre a superfície lunar, utilizando materiais locais. Essas estruturas poderiam servir como as primeiras comunidades permanentes fora da Terra.

O conceito parece saído de um romance de ficção científica, mas já possui base experimental. O objetivo é transformar o regolito lunar, a poeira e a rocha da Lua, em domos transparentes que combinem resistência estrutural, proteção contra radiação e isolamento térmico, ao mesmo tempo em que criem um ambiente psicologicamente agradável. Destaques do projeto de habitats lunares:

  • Domos feitos de poeira lunar derretida usando fornos de micro-ondas inteligentes;
  • Estruturas esféricas de 300 a 500 metros de diâmetro, conectadas por túneis;
  • Vidro polimérico autorreparável, capaz de selar microfraturas automaticamente;
  • Painéis solares integrados para produção de energia limpa;
  • Ecossistema fechado interno com plantas e sistemas de reciclagem de água e oxigênio;

Como seriam construídas as bolhas lunares

O método proposto assemelha-se à técnica de sopro de vidro. O regolito é aquecido até derreter e, em seguida, moldado em grandes bolhas infláveis. Após solidificação, essas cúpulas esféricas se tornam estruturas resistentes capazes de suportar impactos de micrometeoritos e os chamados terremotos lunares.

Cúpulas lunares transparentes podem abrigar astronautas e ecossistemas fechados. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Cúpulas lunares transparentes podem abrigar astronautas e ecossistemas fechados. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Além da resistência física, o formato esférico tem vantagens psicológicas e funcionais. Ele distribui uniformemente a pressão interna, reduzindo riscos estruturais, e permite aos astronautas observar a Lua, a Terra e as estrelas, diminuindo o isolamento e a sensação de claustrofobia que ocorre em módulos metálicos opacos.

Sustentabilidade e autossuficiência lunar

Um dos maiores desafios da exploração espacial é o custo do transporte de materiais. Cada quilograma enviado da Terra custa mais de um milhão de dólares. Ao utilizar recursos locais, como o regolito, o projeto reduz drasticamente os custos e possibilita a criação de habitats autossuficientes.

As cúpulas integrarão sistemas de energia solar, permitindo que os astronautas sobrevivam por meses sem depender de suprimentos terrestres. O interior funcionará como um ecossistema fechado, produzindo oxigênio, água e alimentos, um passo essencial para missões de longa duração e futuras colônias lunares.

Testes e perspectivas futuras

Os primeiros experimentos em laboratório na Terra estão programados para 2026, usando câmaras de vácuo térmico. Caso sejam bem-sucedidos, testes avançados ocorrerão na Estação Espacial Internacional (ISS) e, posteriormente, na própria Lua, durante missões de demonstração do programa Artemis IV.

O sucesso dessas pesquisas poderá transformar a Lua em uma vizinhança transparente, com cúpulas conectadas, laboratórios e áreas de cultivo, abrindo caminho para uma nova era de vida humana fora da Terra.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.