Lua de Saturno revela segredo que mantém oceano pronto para vida

Fluxo de calor em Encélado sugere oceano estável e habitável (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Fluxo de calor em Encélado sugere oceano estável e habitável (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

A lua Encélado, de Saturno, está chamando cada vez mais atenção de astrobiólogos e planetólogos. Novas pesquisas indicam que ela não é apenas um corpo congelado, mas um mundo ativo, com calor suficiente para manter seu oceano subterrâneo líquido por longos períodos geológicos.

Utilizando dados da sonda Cassini, cientistas da Universidade de Oxford, Southwest Research Institute e Planetary Science Institute revelaram que o polo norte da lua emite calor significativo, desafiando a antiga ideia de que apenas o polo sul seria geologicamente ativo.

  • Presença de um oceano subterrâneo global e salgado;
  • Fluxo de calor detectado também no polo norte;
  • Aquecimento de marés gerado pela gravidade de Saturno;
  • Camada de gelo estimada entre 20 e 28 km de profundidade;
  • Potencial para ambiente estável e propício à vida.

Como Encélado mantém seu oceano líquido?

O equilíbrio térmico é fundamental para a habitabilidade do oceano de Encélado. O calor é gerado principalmente pelo aquecimento de marés, efeito da força gravitacional de Saturno que estica e comprime a lua enquanto orbita. Se a energia fosse insuficiente, a atividade geológica diminuiria e o oceano poderia congelar; energia em excesso poderia alterar drasticamente o ambiente, tornando-o menos estável.

Lua gelada de Saturno pode abrigar vida em seu oceano subterrâneo (Imagem: BreizhAtao's Images/ Canva Pro)
Lua gelada de Saturno pode abrigar vida em seu oceano subterrâneo (Imagem: BreizhAtao’s Images/ Canva Pro)

A análise térmica do polo norte mostrou que a superfície está cerca de 7 K mais quente do que o esperado, indicando um fluxo de calor direto do oceano subterrâneo. Esse calor totaliza aproximadamente 35 gigawatts, comparável à energia produzida por milhões de painéis solares ou dezenas de milhares de turbinas eólicas na Terra.

Por que essa descoberta é crucial para a busca por vida?

Com a soma do calor do polo sul, a perda total de energia chega a 54 gigawatts, equilibrando-se com a energia gerada pelas forças de maré. Esse equilíbrio sugere que o oceano pode permanecer líquido por milhões de anos, criando condições estáveis para possível vida extraterrestre.

Além disso, os dados permitem estimar com mais precisão a espessura do gelo, essencial para futuras missões robóticas ou submersíveis que pretendam explorar o oceano:

  • Medidas térmicas revelam 20–23 km de gelo no polo norte;
  • Média global do gelo estimada em 25–28 km;
  • Possibilidade de estudar a lua sem perfurar todo o gelo;
  • Ajuda a planejar sondas e submersíveis para exploração oceânica;
  • Fornece parâmetros para simulações de habitabilidade.

O futuro das missões e da exploração de Encélado

As descobertas reforçam a importância de missões de longa duração para mundos oceânicos. A análise detalhada das sutis variações de temperatura da superfície mostra que Encélado pode esconder segredos sobre a vida fora da Terra, só revelados décadas após a coleta dos dados. Pesquisadores agora buscam determinar há quanto tempo o oceano existe, fator crucial para avaliar o potencial de surgimento de organismos.

Se confirmado, Encélado se torna um dos principais alvos na busca por vida extraterrestre, com seu oceano salgado e energia estável criando condições raras e promissoras em nosso sistema solar.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.