Lançada na COP30, IA brasileira ensina sobre mudanças climáticas e ajuda a frear desinformação global

Macaozinho: IA brasileira explica o clima e combate a desinformação global (Imagem: Divulgação/ COP30)
Macaozinho: IA brasileira explica o clima e combate a desinformação global (Imagem: Divulgação/ COP30)

As mudanças climáticas estão no centro dos debates globais, mas também são alvo constante de desinformação. Nesse cenário, uma novidade lançada durante a COP30, em Belém (PA), vem chamando atenção: o Macaozinho, uma inteligência artificial especializada em temas climáticos, criada para facilitar o acesso a dados científicos. Inspirado nas araras brasileiras, o chatbot é multilíngue e já está disponível em mais de 50 idiomas.

A ferramenta foi treinada com documentos oficiais da ONU, incluindo relatórios da UNFCCC e do IPCC, reconhecidos por embasar políticas globais sobre o clima. O objetivo é oferecer informação confiável, acessível e tecnicamente precisa para qualquer pessoa, desde o público leigo até negociadores internacionais. Entre suas principais funções estão:

  • Traduzir e explicar termos técnicos sobre o clima, como NDCs e mercados de carbono;
  • Auxiliar delegações em conferências a consultar textos, cruzar dados e recuperar precedentes;
  • Capacitar organizações e governos em conceitos científicos e jurídicos ligados ao aquecimento global;
  • Fornecer análises rápidas de documentos complexos e relatórios oficiais;
  • Apoiar o combate à desinformação, ao identificar e corrigir conteúdos falsos.

Uma aliada no combate à desinformação climática

Chatbot da COP30 traz dados da ONU sobre mudanças climáticas (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Chatbot da COP30 traz dados da ONU sobre mudanças climáticas (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

De acordo com estudos recentes do Observatory for Information Integrity (OII), o volume de conteúdos enganosos sobre eventos climáticos cresceu de forma preocupante, especialmente em redes sociais e aplicativos de mensagens. Esse cenário torna ferramentas como o Macaozinho ainda mais relevantes, pois ajudam a restaurar a confiança na ciência e ampliar o entendimento público sobre o tema.

A desinformação climática tem sido usada por setores econômicos interessados em desacreditar acordos internacionais e atrasar a transição energética. Organizações como a Climate Action Against Disinformation (CAAD) já demonstraram que grandes empresas de combustíveis fósseis financiam campanhas online com mensagens enganosas sobre o aquecimento global. O resultado é uma população confusa, vulnerável a teorias da conspiração e menos engajada nas soluções sustentáveis.

Educação climática como ferramenta de mudança

O Macaozinho também cumpre um papel educativo. Ao traduzir termos técnicos e contextualizar políticas climáticas, a IA ajuda a democratizar o conhecimento sobre as metas de redução de emissões, transição energética e preservação ambiental. Além disso, reforça o protagonismo do Brasil em iniciativas que unem tecnologia, ciência e sustentabilidade.

Com atualização de dados até novembro de 2025, o chatbot promete acompanhar as próximas fases das negociações climáticas globais e servir de ponte entre a ciência e a sociedade. Ao transformar linguagem técnica em informação acessível, o Macaozinho mostra que a tecnologia pode ser uma grande aliada na luta contra a crise climática.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.