Nem sempre os maiores ecossistemas guardam os maiores segredos. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte descobriram que pequenos lagos no alto dos Andes tropicais podem ter um impacto muito maior no clima global do que se pensava. Localizados no páramo equatoriano, esses corpos d’água discretos têm potencial para emitir volumes significativos de dióxido de carbono (CO₂) e metano (CH₄), gases de efeito estufa extremamente potentes.
A pesquisa, publicada na revista Limnology and Oceanography, reforça que ambientes remotos e aparentemente inofensivos merecem atenção especial quando o assunto é aquecimento global. Até então, esses lagos eram praticamente ignorados nos modelos climáticos.
- Pequenas lagoas de montanha podem liberar mais carbono do que lagos maiores;
- Emissões incluem CO₂ e metano, potentes gases de efeito estufa;
- Altitude, temperatura e conexão com o solo influenciam os níveis de emissão;
- Regiões remotas estavam fora dos modelos climáticos tradicionais;
- Resultados ajudam a melhorar previsões do ciclo global do carbono.
Altitude, temperatura e solo: combinação explosiva para emissões

Embora a lógica sugira que um lago pequeno cause pouca influência ambiental, o estudo mostrou o contrário. Altitude elevada, variações térmicas intensas e as características do solo rico em matéria orgânica tornam essa região um verdadeiro laboratório natural. Nessas condições, microambientes aquáticos aceleram processos que geram liberação de carbono para a atmosfera.
Além disso, lagoas que trocam água com o solo adjacente tendem a emitir ainda mais gases, graças ao aumento na circulação de nutrientes e compostos orgânicos. Em outras palavras, menor área não significa menor impacto, uma revelação que quebra paradigmas no entendimento do ciclo do carbono em ambientes montanos tropicais.
Um alerta para a ciência climática global
O páramo é um ecossistema crucial para o planeta, servindo como estoque natural de carbono e regulador hídrico nas altas montanhas equatoriais. Se pequenas lagoas nesses locais contribuem mais do que o esperado para as emissões, modelos climáticos precisam ser atualizados com urgência.
Essa descoberta destaca a importância de incluir sistemas aquáticos pequenos e remotos nas projeções futuras. Entender essas emissões ocultas permitirá prever com mais precisão como os ecossistemas tropicais de alta altitude responderão ao avanço das mudanças climáticas e como isso pode influenciar o clima global.

