James Webb revela galáxia espiral rara que pode reescrever a história cósmica

Galáxia Alaknanda desafia teorias sobre o universo primordial. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Galáxia Alaknanda desafia teorias sobre o universo primordial. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Uma descoberta recente feita pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) deixou os astrônomos surpresos: uma galáxia espiral gigante, batizada de Alaknanda, formou-se quando o universo tinha apenas 1,5 bilhão de anos, cerca de 10% da sua idade atual. Com 30 mil anos-luz de diâmetro e 10 bilhões de estrelas, essa estrutura demonstra um grau de organização considerado impossível para o cosmos inicial.

O que torna essa descoberta ainda mais fascinante é a simetria impecável da galáxia, que apresenta dois braços espirais bem definidos e um núcleo central luminoso, características típicas de galáxias muito mais antigas. A Alaknanda não apenas desafia modelos tradicionais de evolução cósmica, mas também sugere que o universo primordial era mais eficiente e estruturado do que se imaginava. Destaques da galáxia Alaknanda:

  • Diâmetro de 30 mil anos-luz, equivalente a um terço da Via Láctea;
  • Contém cerca de 10 bilhões de estrelas;
  • Formação estelar extremamente rápida: 60 estrelas por ano, 20 vezes mais que a Via Láctea;
  • Metade das estrelas surgiu em apenas 200 milhões de anos;
  • Estrutura espiral bem definida com núcleo brilhante.

Formação acelerada: como surgem galáxias tão complexas?

Estrutura espiral gigante surgiu quando o cosmos tinha 1,5 bilhão de anos. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Estrutura espiral gigante surgiu quando o cosmos tinha 1,5 bilhão de anos. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

O mistério central é entender como uma galáxia tão complexa surgiu tão cedo. Pesquisadores apontam que isso pode ter ocorrido devido a fluxos contínuos de gás frio, que teriam estabilizado o disco e criado ondas de densidade, formando rapidamente os braços espirais, ou ainda por interações com galáxias menores, que poderiam ter impulsionado a formação da estrutura espiral.

Independentemente do mecanismo, o caso da Alaknanda indica que o ritmo de formação estelar no início do universo era muito mais intenso do que se supunha, desafiando modelos que previam galáxias pequenas e irregulares dominando o cosmos jovem.

Impacto da descoberta na astronomia moderna

A observação da Alaknanda se soma a outros achados recentes do James Webb, reforçando que o universo primordial é mais complexo e organizado. Esta galáxia gigante não apenas amplia nosso conhecimento sobre as espirais antigas, mas também provoca uma revisão das teorias sobre evolução galáctica.

A luz que chega até nós da Alaknanda tem 12 bilhões de anos, portanto seu estado atual permanece desconhecido. Novas observações, incluindo dados do Atacama Large Millimeter Array (ALMA), já estão sendo planejadas para desvendar ainda mais os segredos dessa galáxia impressionante.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.