Observações recentes do Telescópio Espacial James Webb (JWST) indicam que TOI-561 b, uma super-Terra que orbita perigosamente perto de sua estrela, pode abrigar uma camada gasosa persistente mesmo sob temperaturas extremas. O resultado surpreende porque, em cenários tão hostis, espera-se que qualquer atmosfera seja rapidamente destruída.
Logo nas primeiras análises, os dados revelaram comportamentos térmicos incompatíveis com um planeta totalmente desprotegido. Isso levou a equipe responsável, formada por pesquisadores como Johanna Teske, Anjali Piette e Tim Lichtenberg, a investigar com mais profundidade os mecanismos possíveis para reter uma atmosfera em condições tão severas. Principais achados sugeridos pelos modelos:
- Temperatura diurna mais baixa que o previsto para um planeta sem atmosfera;
- Ventos intensos redistribuindo calor entre o lado iluminado e o lado escuro;
- Presença de substâncias voláteis suficientes para sustentar uma camada densa de gases.
- Possível equilíbrio entre um oceano de magma e a atmosfera, que recicla continuamente materiais.
Uma super-Terra que desrespeita expectativas

TOI-561 b completa uma volta ao redor de sua estrela em menos de 11 horas, ficando muito mais próximo do que Mercúrio está do Sol. Essa órbita apertada eleva sua superfície a temperaturas capazes de fundir rochas, colocando o planeta na categoria de mundos de período ultracurto. Ainda assim, as medições infravermelhas feitas pelo JWST registraram aproximadamente 1.700°C, bem abaixo do que seria esperado para uma superfície exposta diretamente à radiação estelar.
Esse desvio abriu espaço para explicações mais complexas. Segundo os modelos publicados na revista The Astrophysical Journal Letters, apenas uma atmosfera densa seria capaz de amortecer o calor de forma tão eficiente. Além disso, a interação constante entre um suposto oceano de magma e a camada gasosa parece alimentar um ciclo químico dinâmico, mantendo os gases em circulação por longos períodos.
Essa descoberta pode mudar tudo no estudo de planetas rochosos
A detecção de atmosferas em planetas rochosos sempre foi um dos maiores desafios da astrofísica moderna. Até agora, sinais robustos surgiam apenas em mundos gasosos ou muito maiores. Ver indícios tão sólidos em uma super-Terra pequena e extremamente quente amplia o horizonte de possibilidades.
Além disso, esse tipo de abordagem, combinando eclipses secundários, espectroscopia e modelagem físico-química, oferece uma rota inédita para desvendar processos internos de exoplanetas, algo antes considerado inatingível à distância.
A descoberta também fortalece a ideia de que a galáxia abriga uma diversidade de ambientes muito maior do que imaginávamos, alguns capazes de sustentar atmosferas surpreendentemente resistentes.

