A corrida pela internet via satélite de nova geração acaba de ganhar um competidor de peso no Brasil. A Telebras firmou um novo acordo com a SES, operadora europeia reconhecida por sua frota de alta capacidade, colocando pela primeira vez um rival direto frente ao domínio da Starlink no país. A entrada dessa tecnologia inaugura um cenário em que velocidade, estabilidade e cobertura passam a disputar espaço em igual intensidade.
A iniciativa também redesenha o futuro da conectividade nacional, sobretudo em regiões que nunca receberam banda larga tradicional. Para mostrar o que está por vir, especialistas destacam alguns diferenciais relevantes:
- Velocidades anunciadas que podem chegar a 1 Gbps;
- Uso de satélites em órbita média (MEO) com maior cobertura;
- Sinal mais estável e com menor troca entre satélites;
- Infraestrutura simplificada para áreas remotas e governo;
- Expansão de serviços já testados em programas públicos nacionais;
Órbita média: o “ponto de equilíbrio” da nova conectividade
Enquanto a Starlink depende de milhares de satélites em órbita baixa, a SES opera com unidades posicionadas entre 2.000 e 36.000 km de altitude. Essa região intermediária cria uma espécie de faixa estável, onde o sinal percorre distâncias maiores sem exigir a troca constante de satélites. O resultado é uma rede mais robusta e com menor complexidade operacional, algo essencial para escolas, unidades de saúde e regiões afastadas.

Além disso, cada satélite MEO consegue manter o enlace por cerca de uma hora, oferecendo consistência, um ponto crítico para serviços públicos e aplicações de segurança. Ainda que a latência não seja tão baixa quanto a das redes LEO, a promessa de uma banda larga extremamente rápida compensa para a maioria dos usuários institucionais e comunitários.
Parceria ganha força em projetos nacionais estratégicos
A colaboração entre Telebras e SES não surgiu agora. As duas instituições já atuam juntas em iniciativas de inclusão digital utilizando satélites de alta capacidade. Contudo, o novo acordo amplia o alcance para órgãos governamentais, operações de segurança e locais estratégicos, justamente onde a confiabilidade do sinal não pode falhar.
Durante a COP30, em Belém, a infraestrutura MEO será testada em um ambiente real que exige comunicação contínua. Se a performance se confirmar, o Brasil poderá inaugurar uma nova fase da conectividade espacial, transformando o país em um dos primeiros mercados do mundo a contar com dois grandes provedores globais em disputa direta.
Brasil entra no mapa da disputa global por internet espacial
A chegada da SES abre caminho para um ecossistema mais competitivo e finalmente menos dependente de um único fornecedor. Com isso, a escolha do consumidor, das escolas e das instituições governamentais deixa de ser “Starlink ou nada” e passa a incluir uma opção capaz de entregar altíssimas velocidades, grande resistência a falhas e ampla cobertura nacional.
Se o teste da COP30 se consolidar, o Brasil pode se tornar referência na adoção de redes híbridas LEO+MEO, marcando o início de uma fase em que o país disputa, de fato, quem oferecerá a internet mais rápida que vem do espaço.

